Marcela Borghetti Fugazza tinha quase 11 anos quando começou a ficar desanimada e levantar muitas vezes durante a noite para beber água e ir ao banheiro. Preocupados, os pais Juarez e Andreia decidiram fazer um exame de sangue para saber se a menina tinha algum problema de saúde. O resultado da glicemia surpreendeu o casal, que levou a filha imediatamente ao hospital. Após um novo teste, ela teve que ser internada às pressas porque os números eram ainda mais assustadores. O diagnóstico apontou que Marcela tinha diabetes, uma doença crônica com a qual precisaria aprender a viver para sempre.
- No primeiro momento, a gente pensou no pior porque não tínhamos informação sobre a doença. Achávamos que a solução para o diabetes era tomar um remédio e estava bom - conta a mãe.
Na prática, após buscar todo tipo de informação sobre o diabetes, a família percebeu que o tratamento exigia mais. Os pais precisaram aprender a ser enfermeiros para conseguir aplicar a insulina na menina, que ainda não o fazia sozinha. Hoje, aos 13 anos, ela já faz o teste de glicemia e a aplicação do hormônio diariamente sem precisar de ajuda. A principal mudança ocorreu na rotina da família, principalmente por causa da alimentação de Marcela.
Os pais decidiram mudar a dieta de toda a família para incentivar a menina e fazer com que ela não se sinta excluída. Tudo aquilo que é massa, é feito com ingredientes integrais. Os doces são todos diets, específicos para a adolescente. Os lanches fora de casa quase não existem mais, assim como os condimentos prontos para tempero. Eles contam que, desde o início, Marcela entendeu que o tratamento era importante, mas com a rebeldia da adolescência, ela tem comido algumas coisas que não pode.
- Todo mundo diz que ter filho adolescente é difícil, mas ter filho adolescente diabético é ainda mais - brinca o pai.
Apesar das mudanças, a família concorda que é possível o diabético ter uma vida normal. O importante é seguir o tratamento para evitar complicações e ter uma vida tranquila e saudável também durante a vida adulta. Segundo a mãe, o diabético tem a alimentação que todo mundo deveria ter, com comidas saudáveis e sem exageros em refrigerantes, bebidas e gorduras.
- Eu achava que não poderia comer mais doce, mas eu continuo comendo. Eu me acostumei e como tudo que eu gosto, mas tem que ser diet. Eu acho ainda melhor - conta Marcela.
Segredo é não tratar diabetes como uma doença
O arquiteto Fábio Pinnow Piccinini descobriu que tem diabetes quando tinha 11 anos. Ele fez um exame de sangue que apontou o diagnóstico após ter sintomas muito parecidos com os de Marcela, como a necessidade constante de beber água e ir ao banheiro, além de um emagrecimento preocupante. Hoje, aos 33 anos, leva uma vida normal, como qualquer outra pessoa. Segundo ele, o segredo está no modo como lidar com o diabetes.
- O conselho é não encarar como uma doença, mas como uma condição física diferenciada. A partir do momento em que você encara o diabetes como uma doença, ela só te traz coisas negativas. Agora, se você levar como uma condição diferenciada, é algo que você pode contornar e viver uma vida normal - defende.
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Além disso, ele aconselha os diabéticos a terem muito cuidado com a alimentação e os exercícios físicos regulares, que vão proporcionar uma vida saudável e muito próxima da que tem uma pessoa sem diabetes.
Desde o diagnóstico, Fábio precisou mudar a alimentação, como o corte dos doces, e começar a rotina de aplicação de insulina. Atualmente, ele realiza um tratamento por contagem de carboidratos e usa um aparelho conectado a ele durante quase 24 horas por dia, fazendo a gestão da glicemia. Por meio da aplicação da insulina e de leitura dos índices, Fábio é avisado pelo aparelho quando a glicemia aumenta ou baixa demais.
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- Hoje em dia, o controle é bem melhor por causa das tecnologias, informação e disponibilidade de alimentos sem açúcar. Na época em que descobri a diabetes, às vezes eu ganhava de presente de aniversário garrafas de refrigerantes dietéticos porque era difícil de encontrar. Agora, você encontra em qualquer lugar - recorda.
Dia Mundial do Diabetes
O Dia Mundial do Diabetes ocorre nesta segunda-feira e foi criado em 1991 pela Federação Internacional do Diabetes (IDF, na sigla em inglês) em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em resposta às preocupações sobre o crescimento da doença no mundo. A data tornou-se oficial pela ONU a partir de 2007. Azul é a cor da bandeira da Organização das Nações Unidas. O dia 14 de novembro foi escolhido por marcar o aniversário de Frederick Banting, que, junto com Charles Best, descobriu a insulina em 1921.
- Neste ano, o slogan da campanha é De olho no diabetes porque é uma doença invisível e uma epidemia silenciosa. Hoje, 50% dos pacientes diabéticos não sabem que têm a doença porque a pessoa não vê e não sente o diabetes - explica o endocrinologista Luiz Antônio de Araújo.
No Brasil, a campanha Novembro Azul do Dia Mundial do Diabetes é organizada pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) desde 2007. Em Joinville, o Centro Endoville elaborou uma série de atividades durante o mês de novembro, coordenado pelo Dr. Araújo, que também é diretor da SBD.
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Saúde
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Hassan Farias
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