Quatro dos seis CTGs da Serra que participam do Encontro de Arte e Tradição Gaúcha (Enart) se classificaram para a final da modalidade danças tradicionais - força A: CTG Ronda Charrua, CTG Campo dos Bugres, CTG Heróis Farroupilha e CTG Herdeiros da Tradição.
Dos 40 grupos concorrentes, 20 foram classificados. As apresentações dos CTGs da Serra ocorrem na tarde deste domingo. Confira como foi a apresentação de cada um deles neste sábado.O evento ocorre em Santa Cruz do Sul e encerra neste domingo.
CTG Ronda Charrua volta a ser aplaudido de pé
Pelo segundo ano consecutivo, um dos grupos mais aguardados para a edição de 2014 do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha foi aplaudido de pé. O CTG Ronda Charrua, de Farroupilha, campeão da modalidade danças tradicionais - força A no ano passado, conseguiu mais uma vez emocionar o público com uma coreografia de batalha de entrada e saída.
O ano é 1835. Bento Gonçalves reúne generais e coronéis e anuncia o início da revolução. A guerra se propaga pelos campos gaúchos e chega até a casa do próprio líder farrapo. A Estância da Barra, onde a esposa Caetana Garcia o aguarda, é atacada por tropas imperiais. Com espadas e garruchas, as prendas enfrentam a tropa inimiga.
É a primeira vez que, em uma coreografia, do Ronda, as mulheres tomam a frente das batalhas. O realismo das cenas de luta, com que o CTG já é reconhecido, impressiona. Durante a batalha, escravos morrem pelas mãos imperiais e as mulheres são agredidas. O grupo levou ainda para o palco uma casa representando a sede da estância. De madeira e com articulações, as paredes fechadas desabaram ao final.
Homens vestiram chiripás farroupilha e botas de garrão de potro. As mulheres usaram vestidos de prenda.
A continuidade dessa história será contada neste domingo. O CTG preparou duas apresentações diferentes, uma para sábado e outra para o dia seguinte.
CTG Campo dos Bugres faz homenagem à América Latina
Fugindo das batalhas e guerras retratadas por grande parte dos CTGs que participam do Encontro de Arte e Tradição Gaúcha (Enart), o CTG Campo dos Bugres, de Caxias, trouxe aos palcos do festival uma homenagem à América Latina.
Valorizando a cultura dos países, o vestido de prenda foi feito com bordados chilenos e com camisa de renda que remonta a Espanha. A saia do vestido retrata a cultura mexicana, bem como o traje dos peões, com bombacha e coletes brancos.
Usando poucos adereços e cenários, o Campo dos Bugres trouxe uma coreografia dinâmica onde se misturavam músicas e passos de dança do folclore latino-americano. Peões giravam os palas coloridos durante a apresentação e tinham bem marcado o sapateado. Ao todo, foram 29 dançarinos no palco.
Porém, durante as danças tradicionais, a espora de um dos peões enroscou em um vestido de prenda. O casal não interrompeu a dança e, aos poucos, conseguiu se desvencilhar. Foram aplaudidos pelo público.
Depois de encerrada a apresentação, em apoio ao acidente e também motivados pela beleza da coreografia, o público aplaudiu de pé o CTG.
CTG Heróis Farroupilha traz romance entre mascates e prendas
- Lhe cai muito bem esse xale bordado - dizia o mascate argentino para a prenda, chamada por ele de chinita.
Durante a apresentação, o CTG Heróis Farroupilha dançou o romance entre mercadores e prendas. Na entrada, eles, argentinos, vendiam especiarias contrabandeadas no Rio Grande do Sul e se apaixonavam pelas mulheres gaúchas, com quem constituíam família.
A saída retratou a continuidade desse romance: por serem mercadores, não deixavam de viajar e a ausência provocava a ira e saudade da prenda. No palco, duas carretas foram posicionadas, carregadas de especiarias.
Com uma coreografia alegre e de sapateio e sarandeio bem marcado, ganhou destaque também a interpretação dos dançarinos, hora em clima de romance, hora em clima de reconquista.
Os peões vestiam colete vermelho, chiripá, botas e esporas, caracterizando a época. Já as prendas usaram vestidos floridos, dando o ar de simplicidade da época.
Primeiro baile gaúcho é tema do CTG Herdeiros da Tradição
Ainda que com uma platéia tímida, o CTG Herdeiros da Tradição não decepcionou aqueles que resistiram até o final do primeiro dia de competições da modalidade danças tradicionais - força A. O grupo, o último da noite de sábado, trouxe o primeiro baile de ronda do Rio Grande do Sul, ocorrido em 1947.
As cenas misturavam coreografia e interpretação artística. Um sarandeio e sapateito bem marcado e fisionomias alegres marcaram a apresentação.
No meio do palco, uma mesa trazia café feito em chaleira preta e até um churrasco de ovelha foi assado. O grupo retratou os concursos que eram realizados durante a ronda, como chula e de indumentária. Até uma briga foi ensaiada pelos participantes.
A saída retrata a chegada da primeira Chama Crioula ao baile e a coreografia contou com 15 candeeiros, que passavam entre as mãos das prendas e peões.
Homens vestiam trajes atuais, bota sanfonada e bombacha. As mulheres usaram vestidos de prenda em tecidos petit poá e babados.