Uma missa celebrada às 18h deste sábado marcará a entrega da restauração do Santuário Diocesano de Santo Antônio, igreja do padroeiro de Bento Gonçalves. Depois de sete anos em obras, a igreja abrirá as portas para os devotos e mostrará novos painéis, bancos renovados, pinturas retocadas e uma iluminação que deixa o espaço maior e mais refinado.
O trabalho de restauro identificou preciosidades que compensaram a espera. A mais significativa surgiu com a remoção de uma camada de tinta bege que cobria as paredes da igreja desde 1964. Foi descoberta a representação da Imaculada Conceição no teto da nave central, criada pelo escultor bento-gonçalvense, Paolo Balestreri, em 1912.
Também foram desvendadas pinturas de medalhões de santos, igualmente centenárias, que agora podem ser apreciadas com os mesmos tons de tinta usados na época. Elas ficam na nave lateral norte, no alto, à esquerda do altar.
O fiel não reclamou dos sete anos de espera. Ele preferiu aguardar compreensivo e colaborar financeiramente para o restauro da igreja a conviver com paredes descascadas, bancos depredados, iluminação precária e infiltrações, calamidade em que se encontrava o templo antes de 2007.
Dos mais de R$ 4 milhões investidos, quase R$ 200 mil resultaram de colaboração espontânea de fiéis. O maior investidor da obra foi a própria Paróquia Santo Antônio, com o auxílio da Mitra Diocesana e a própria Festa de Santo Antônio.
- Começamos a nos debater imaginando essa reforma em 2003. Tudo o que vinha sendo feito era paliativo, e algumas obras chegaram a descaracterizar o prédio - afirma o pároco e líder da restauração, padre Izidoro Bigolin.
Agora, a igreja parece mais leve. A nova e bem distribuída iluminação dá impressão que o Santuário está maior. Descobriu-se que o mármore que cobria os altares laterais era, na verdade, uma tintura que imitava o material. A pedra original é arenito rosa. Os milagres do santo, expostos em murais na parte superior das paredes, foram retocados com base em pesquisas históricas e arqueológicas. Eles estavam deteriorados. O mais polêmico painel retrata a cena do justo e pecador, onde demônios estampam as paredes.
- Centenas me procuraram para implorar que tirasse de lá aquele desenho porque traumatiza muita gente. Com base em pesquisa histórica, descobrimos que eles nem eram pintados de vermelho. Por isso, suavizamos os desenhos e retirei o excesso medieval. Agora está mais tranquilo de visualizar - explica o artista Velcy Soutier, responsável pelo projeto do restauro.
A reforma trocou o telhado, instalou novo sistema de sonorização, clareou a parede do altares, restaurou os vitrais e aplicou serviço de impermeabilização. Destaca-se também a nova mesa do altar, com mármore vindo de Jurasalém, e restauro dos 87 bancos internos, fabricados por volta de 1912.