Roger Machado não é daqueles treinadores de perfil explosivo ou de alterar o tom de voz nas entrevistas coletivas. A passagem dele pelo Juventude durou 187 dias. Ele deixa a equipe alviverde com um modelo de jogo bem definido, com o time classificado às oitavas de final da Copa do Brasil e com a equipe fora de perigo de entrar na zona do rebaixamento na Série A.
Dentro de campo e no dia a dia, o profissional era reservado. Ele recusou todos os pedidos de entrevistas exclusivas enquanto esteve no Juventude. O técnico somente falava depois dos jogos. Nem a tradicional entrevista antes das partidas Roger concedia, quebrando uma tradição no Jaconi. Ele concedeu apenas uma entrevista individual para um veículo de imprensa de fora do estado, sob a alegação de que já tinha agendado antes mesmo de assumir o Papo.
Estudioso, Roger gostava de falar nas coletivas sobre a parte tática. Ele tinha o prazer em falar quando ganha do adversário na base da estratégia, num verdadeiro jogo de xadrez, muito mais que na individualidade técnica. Suas entrevistas eram ponderadas, explicativas, como de um professor. Nem mesmo quando esteve sob pressão, no Gauchão, mudou seu tom.
A imprensa teve a oportunidade de acompanhar poucos treinos do Juventude. Não deve ter passado de três. Geralmente, apenas o aquecimento era liberado, e nem todos. Em uma das raras oportunidades que imprensa teve a chance de conversar com Roger, ele ficou mais de 1h15min falando com os repórteres no Centro de Treinamentos do clube.
O técnico respondia sobre tudo, não se furtou de nenhum tema. Falou desde as mitocôndrias, a energia gasta pelos atletas, os estudos técnicos, a importância do movimento da cabeça que o atleta faz para finalizar no gol, e também sobre os ensinamentos que teve atuando fora do país. Uma variedade de conteúdos.
Roger Machado teve a sua primeira oportunidade como treinador no Juventude, em 2014. Agora, 10 anos depois ele encerrou a sua segunda passagem pelo Jaconi. Com uma bagagem de conhecimento mais robusta, o técnico parte para um desafio de outro nível. Enquanto no Juventude a média de idade é de 27 anos, no Beira-Rio ele vai encontrar um elenco mais cascudo e com o vestiário em crise.