Em meio a tragédia que tomou conta do Rio Grande do Sul, uma das referências do futebol brasileiro tomou a frente de uma discussão importante. O meia Nenê, do Juventude, comentou, em entrevista ao canal TNT, no início da noite desta terça-feira (7), que está buscando mobilizar os capitães dos times da Série A do Brasileiro para que a competição seja paralisada.
Mais cedo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) acatou o pedido inicial feito por Juventude, Grêmio e Inter, em conjunto com a Federação Gaúcha de Futebol, de adiar os jogos envolvendo clubes gaúchos pelos próximos 20 dias. Conforme o comunicado, apenas após 27 de maio as equipes do Rio Grande do Sul voltarão a campo. Nenê acredita que o momento requer uma mobilização ainda maior.
— O futebol está em segundo plano. Graças a Deus nossas famílias estão mais seguras aqui na Serra. Mas é um momento em que deveria ter uma consciência de todos. Não deveria ter apenas uma paralisação no Rio Grande do Sul. Na minha opinião, o Campeonato Brasileiro deveria ser paralisado. No momento que estamos passando, uma vida vale mais do que um gol — destacou o jogador, que complementou citando o exemplo de rivais da Capital gaúcha:
— Os jogadores do Inter e do Grêmio têm suas famílias, seus parentes, os funcionários do clube, alguns totalmente desabrigados. Até falaram de levar os jogos para fora daqui, mas como que eu vou deixar minha família numa situação dessas? Tem gente que não consegue sair daqui (do RS), outros que não conseguem se alimentar. Não preciso nem falar o tanto de pessoas que sofreram e estão sofrendo, e está cada dia pior.
No momento que estamos passando, uma vida vale mais do que um gol.
NENÊ,
meia do Juventude
Referência dentro e fora de campo, o camisa 10 explicou como resolveu iniciar essa nova discussão no futebol brasileiro.
— Hoje, inclusive, fiz um texto e mandei no grupo de capitães dos clubes da Série A. Antes do campeonato, tivemos uma reunião com a CBF, envolvendo todos. E agora tentei dar esse start. Temos uma força muito grande e, se a gente se unir, podemos fazer algo para ajudar. Vamos buscar essa mesma direção. Eu imaginei que a CBF iria paralisar o campeonato. Como teve a reunião hoje (terça) e não houve esse consenso, tentei, a partir disso, falar com os capitães e mudar a rota. Tem cidades que ainda estão sendo inundadas agora, caso de Pelotas. Não tem clima nenhum — destacou o jogador.
Mais próximo da dura realidade vivenciada por muitos dos gaúchos, Nenê fez um apelo para que a voz dos atletas também seja ouvida:
— Por mais que a chuva parou um pouco, o nível da água está muito alto, a destruição foi muito grande. Então, gostaria de ter esse momento para fazer um apelo, juntar os clubes e tentar parar. A vida vai além do futebol e não estou com clima nenhum para jogar e treinar. Por mais que a gente faça muitas coisas para ajudar, estão vindo doações do Brasil inteiro, nos sentimos impotentes.