O Campeonato Gaúcho não traz boas recordações recentes para o torcedor alviverde. A última lembrança presente na memória da papada mostra o Juventude lutando contra o rebaixamento até a última rodada na edição passada. O Verdão atingiu a pior campanha no Gauchão desde 2010, e só escapou do rebaixamento graças ao rival Caxias. Em 11 jogos, o Juventude teve três treinadores e venceu apenas dois jogos. Por isso, o objetivo que o clube impôs para este ano é, pelo menos, chegar entre os quatro melhores colocados.
O grupo foi totalmente reformulado e conta com 36 atletas. Desses, 21 são reforços trazidos pelo novo diretor executivo de futebol, Júnior Chávare. Entre os remanescentes do time rebaixado à segunda divisão do Campeonato Brasileiro estão o goleiro Pegorari, os volantes Jean Irmer e Jadson e o meia Gabriel Tota.
O clube aposta na experiência de Celso Roth para reconstruir o time. O treinador de 65 anos foi campeão do Estado em 1997, pelo Inter, e dois anos depois com o Grêmio. Roth não disputava um Gauchão desde 2011, quando deixou o Colorado.
— Foram títulos importantes e experiências diferentes. São hoje as equipes favoritas para o Campeonato Gaúcho, mas o Juventude vem trabalhando, assim como outras equipes, para fazer o seu melhor. E o melhor sempre é ganhar títulos. Além da reconstrução do time, temos que ter uma mentalidade vencedora. Temos que estar, no mínimo, entre os quatro na fase final do Gauchão — admitiu Roth.
O trabalho do treinador alviverde foi observado em três jogos-treinos durante a pré-temporada. O Juventude venceu o Sindicato dos Atletas, po 1 a 0. Pelo mesmo placar, perdeu para o Avenida e terminou a preparação para a estreia, contra o Inter, empatando em 2 a 2 com o São José.
— O Roth está passando seu estilo nos treinos. Ele veio com essa vontade e os jogadores demonstram estar com vontade também de dar o melhor para ficarmos mais próximos da dupla Gre-Nal no Gauchão e ir pra final, por que não? — admitiu o presidente Fábio Pizzamiglio.
Pressão por vaga nacional
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) apresentou em dezembro passado o novo regulamento da Copa do Brasil de 2024. De acordo com o documento, a entidade irá extinguir as vagas para a competição via ranking nacional de clubes. A medida fortalece as federações estaduais, uma vez que 80 das 92 equipes se classificarão pelos torneios locais.
Com a alteração, o Juventude, que tem vaga confirmada para disputar a Copa do Brasil deste ano, terá que ficar entre os melhores do Estadual para carimbar vaga na competição nacional em 2024.
— É uma mudança que nos preocupa, porque obriga a gente a ir bem no Gauchão, do contrário teríamos que organizar um outro time para disputar a Copinha, no segundo semestre, para garantir a vaga. Seria outro investimento em meio ao Campeonato Brasileiro. O Juventude sempre apareceu bem no ranking e essa nova fórmula é ruim para o clube — revelou o presidente alviverde.
Base para a Série B
Presente no futebol brasileiro desde o ano passado, a janela nacional de transferências segue para esta temporada. É o momento em que os clubes buscam reforços no mercado, mas essas contratações têm períodos determinados para a regularização. Com isso, o Juventude fica limitado pelas datas para formar o elenco. Desde quarta-feira (11), iniciou o primeiro período de 12 semanas. O clube terá até 4 de abril para se reforçar. Do contrário, a nova janela para reforçar o time reabre no dia 3 de julho e terá duração de quatro semanas, encerrando no dia 2 de agosto. Com isso, o Verdão só poderá contratar novamente entre a 16ª e 21ª rodada da Série B.
O Gauchão se torna indispensável porque obriga o Ju a ter uma parcela considerável da equipe atual como sendo a base para a disputa do Campeonato Brasileiro da Série B, o principal desafio da equipe na temporada.
— A forma como foram feitas as janelas no ano passado acabaram nos forçando a isso (o time atual ser a base para a disputa da B). A primeira janela fecha antes das finais do Gauchão. Após essa data, a gente não poderá contratar até julho. Então nós precisamos estar com o time bem alinhado, já jogando da forma que a gente espera até a primeira semana de abril —, destacou Fábio Pizzamiglio.
Em 2023, o Gauchão não será apenas um torneio de segundo plano, um laboratório para que a direção e a comissão técnica do Juventude avaliem o grupo. Fazer um bom campeonato vai resgatar a confiança do torcedor, garantir o clube na Copa do Brasil do ano que vem e deixar o grupo encaminhado para a disputa da Série B.