Antes mesmo de sonhar em um dia vestir a camisa da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo, o caxiense Alex Telles teve um início no esporte. Esse pontapé inicial ajudou na formação como atleta e como cidadão. E se engana quem acha que foi diretamente nos gramados. O começo do jogador foi nas quadras. Antes de chegar ao futebol, Alex jogou em uma tradicional escolinha de futsal de Caxias do Sul, a Top Sport.
Alex Telles integrou as categorias de base da Top Sport numa geração vitoriosa, de nascidos em 1992 e 1993. Foi neste período que ele conheceu Leandro Luciano. O profissional, conhecido no meio esportivo da cidade, foi seu primeiro treinador.
— Eu conheci ele na Top Sport, quando tinha de nove para dez anos. Tive a oportunidade de ser o treinador dele no futsal. Sempre comentamos que é importante fazer parte de um pequeno degrau da formação do atleta. Não existe aquele cara que descobriu ou formou o atleta. Todos os profissionais com que ele trabalhou fizeram parte do processo para que chegasse no nível Copa do Mundo — comenta Leandro Luciano.
O lateral-esquerdo demonstrou desde a infância uma característica importante para os vencedores e para quem almeja o sucesso. Telles conquistou muitos feitos na carreira graças a esse ponto positivo.
— Desde pequeno, ele demonstrou muita dedicação. Ele era uma referência de aplicação. Ele treinava após o horário, ficava treinando pênalti e tiro livre. A bola parada ele levou para a vida inteira — conta o treinador.
En 2002, quando o Brasil conquistou o pentacampeonato mundial, Alex estava na Top Sport, e foi um ano foi marcante para Leandro Luciano e Alex Telles. A equipe caxiense conquistou seis títulos em seis competições seguidas, perdendo somente um jogo em toda a temporada. Além disso, alcançou uma média de gols expressiva, com Telles sendo destaque. Posteriormente, começou a transição para o futebol de campo.
— A equipe era muito boa para a realidade. Naquele ano, a gente tinha certeza que poderia dar muitos frutos. A primeira vez, ele estava somente no futsal. Deu um ano e foi direto pro campo. Aí ele conciliava os dois. Quem viu ele foi o Jonas, quando ele ia assistir jogos. Tínhamos uma safra muito boa na categoria 1992/93 e conseguimos levar seis atletas para a base do Juventude. Desses seis, tinha o Fabrício Lusa e o Adriano, que está jogando futsal da República Tcheca — relembrou Luciano.
TRANSIÇÃO PARA O CAMPO
A transição das quadras para os gramados aconteceu logo em seguida ao começo no futsal. Ainda criança, com nove anos, um Alex Telles franzino chegou na escolinha do clube para iniciar a vitoriosa carreira. Jonas da Rosa, Coordenador da Escola de Futebol, com 32 anos de Juventude, foi seu primeiro professor no Jaconi.
— Para a idade, ele era muito fraquinho fisicamente. Isso ajudou, porque tinha que se reinventar para jogar. A parte física sempre foi um desafio. Ele chorava bastante, porque não conseguia ter vantagem nas jogadas individuais em lances de contato. Isso ajudou ele, porque a adversidade fez crescer — afirmou Jonas, em entrevista à RBS TV, onde completou:
— Eu uso muito ele como exemplo. Muitas vezes, não pegava lista. Vejo muitas crianças não pegarem lista hoje e cruzarem o braço. Eu nunca vi o Alex fazer isso. No próximo treino, ele se dedicava mais. Isso foi um impulso e essa é uma virtude dele.
Depois, nas categorias de base, Alex Telles esteve próximo de deixar o clube. Inclusive seria dispensado no juvenil. Ele não vinha sendo utilizado, mas a figura de um treinador mudou a sua trajetória.
— o Alex teve muita dificuldade no processo. O Alex teve o Carlos Moraes (atual técnico do Esportivo), que na minha opinião, foi a pessoa mais importante na formação dele, porque conseguiu tirar mais. Ele estava "acomodado" e o Carlos desafiou ele — comentou Jonas, que finalizou sobre como será ver Telles na Copa do Mundo:
— Quando escutei o hino da Champions, eu chorei. Me senti lá dentro. Temos 700 crianças treinando (na escolinha do Juventude) e todas elas têm o sonho. Chegar na Copa do Mundo é o auge e saber que um atleta nosso chegou lá, podemos dizer que é possível. Vamos estar todos juntos. Clube, cidade, família, amigos, todos correndo junto com ele.