Dos gramados do Centro de Formação de Atletas e Cidadãos do Juventude para a disputa da Copa do Mundo no Catar. Da Escola de Futebol do Verdão para a Seleção Brasileira. O caxiense Alex Telles é um dos 26 atletas chamados pelo técnico Tite para representar o Brasil no Mundial. O lateral-esquerdo formado no clube alviverde começou a trilhar a carreira de sucesso ainda na infância. Antes de chegar ao profissional, quase desistiu. No entanto, uma reviravolta fez ele chegar ao time principal e depois brilhar mundo afora.
O menino franzino chegou ao Juventude, como jogador na escolinha do Verdão, ainda criança. Com nove anos, deu o pontapé inicial na carreira vitoriosa. Telles passou por todas as categorias da Escola e da base alviverde. Em 2010, foi campeão estadual no sub-20.
No ano seguinte, estreou no time profissional contra o São José-PoA, pelo Campeonato Gaúcho, no Estádio Alfredo Jaconi. Em 2012, foi campeão da Copa Hélio Dourado e se despediu do Juventude. Depois seguiu sua trajetória por Grêmio, Galatasaray, Inter de Milão, Porto, Manchester United e Sevilla.
— Fui formado como atleta e cidadão. É satisfatório sair de um clube formador e poder chegar no mais alto nível como a Seleção. Eu fiz a faculdade toda no Juventude, todos os processo das base e do profissional. O Juventude me projetou para o futebol, então tenho um carinho muito grande pelo clube, por ser da minha cidade também — lembrou Alex Telles, em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha Serra, em 2019, logo após a sua primeira convocação para a Seleção Brasileira.
O carinho pelo Juventude e a gratidão pelo clube alviverde podem ser observados também nas férias de Alex Telles. Sempre que está em Caxias do Sul, ele conversa com os jovens atletas das escolinhas para contar sobre sua trajetória e inspirar os mais novos. Porém, antes de chegar ao Juventude, foi a inspiração do pai José Telles que fez ele ingressar no esporte.
— O que me inspirou foi o sonho do meu pai em me ver ser profissional. Ele, na época dele, tentou jogar e chegou até os juniores, mas não conseguiu. Ele transmitiu esse sonho para mim. Aos cinco ou seis anos, comecei a chutar as primeiras bolas. Lembro que estudava no La Salle e tinha a escolinha de futsal Top Sport. A partir daí comecei a jogar mais por diversão. A partir da chegada no Juventude, comecei a levar a sério, e comecei a perceber que era isso que eu queria. Foi uma transição normal e sem pressão — contou Alex.
DA QUASE DESISTÊNCIA AO ÊXITO
Alex Telles passou por todas as categorias da base até chegar ao profissional em 2011. Antes de se firmar como lateral-esquerdo, ele jogou em praticamente todas as posições: lateral-direito, lateral-esquerdo, meia, atacante, até de zagueiro quando era necessário.
— Já pensei em desistir na época, porque tinha momentos em que não estava me encontrando e não estava jogando bem. Na cabeça de um jovem passa isso. A partir do momento que encaixei e poderia virar profissional, aí as dificuldades só aumentaram, porque tem a pressão e a exigência — comentou Alex Telles.
O momento de afirmação foi na categoria juvenil, através do técnico Carlos Moraes, que deu a ele uma grande oportunidade.
— Em 2009, quando cheguei no clube para treinar na categoria juvenil, ele (Telles) estava ali, mas não tinha a chance de jogar e mostrar sua qualidade. Naquela oportunidade, detectei que ele tinha essa qualidade, mas faltava confiança e resolvi dar uma oportunidade para ter uma sequência. Eu disse que ele teria cinco jogos no campeonato juvenil. Era o máximo que poderia dar de jogos para ele. Naquele ano, fizemos um campanha muito boa, com 30 partidas invictos. Isso deu uma confiança para o clube apostar nele, e depois para ir aos juniores. Acredito que ajudei um pouco na formação dele — disse Carlos Moraes.
— Ele apostou no meu potencial. Foi um momento que eu vinha sem jogar no infantil e no infanto. Muitas vezes, ficava de gandula na minha categoria. Serviu muito de aprendizado, mas quando o Carlos Moraes chegou foi uma oportunidade para eu aproveitar. Esse ano de 2009 me alavancou mesmo para imaginar um possível profissional. O Carlos foi um cara extremamente importante para a minha trajetória — comentou Telles.
Em 2011, o lateral-esquerdo chegou ao time profissional e, a partir dali, começou a trilhar a carreira. No ano seguinte, veio sua afirmação e o título da Copa Hélio Dourado pelo clube:
— Foi um período muito importante. Eu lembro que o Ju tinha caído para a Série D naquela época, e se não subisse tínhamos que conquistar a vaga na Copinha do segundo semestre. Para nós jovens, que tínhamos subido, também era uma pressão grande. Naquele momento tínhamos um grupo fantástico. Lembro do Zulu, Rafael Pereira, Jardel, Bressan, Ramiro, muito jogadores que abraçaram a causa. Não subimos porque perdemos para o Cianorte e tivemos que buscar a vaga na Série D no segundo semestre. Conseguimos vencer o Brasil-Pel, que foi meu último jogo pelo Juventude. Foi um momento importante.