Os sonhos motivam a existência humana. E para uma pessoa em especial, eles têm se realizado de maneira rápida. Pedro Bianchini, 26 anos, atual goleiro da ACBF, quase desistiu da carreira no futsal e passou por dificuldades para conciliar o trabalho como office-boy, a graduação em agronomia e a carreira nas quadras. No entanto, a insistência e a perseverança, aliadas ao trabalho, resultaram no destaque individual na Liga Nacional e a sonhada primeira convocação para a Seleção Brasileira.
O catarinense de Concórdia começou a jogar futsal ainda na infância, aos oito anos, mas somente aos 22, quando foi contratado pelo Joaçaba-SC, conseguiu focar na carreira profissional nas quadras, e viver disso. Antes, trabalhou na prefeitura da sua cidade de origem, como office-boy, fez estágio e concluiu a graduação em Agronomia. Ele se desdobrou em muitos para seguir com o objetivo de defender grandes clubes, como a ACBF, e, automaticamente, chegar à Seleção.
— Em 2018, eu não joguei (no Concórdia). Era o segundo goleiro e a gente ficou em último no Estadual. Acabamos sendo liberados em novembro. Eu já conciliava o trabalho como office-boy e estava quase terminando a faculdade de agronomia. Acho que sou o primeiro goleiro agrônomo do Brasil (risos) — comentou Pedro Bianchini.
A grande curiosidade na vida de Pedro Bianchini não é a escolha pelo futsal, e sim como o curso de agronomia apareceu para ele. Ainda na época do Concórdia, ele precisava estudar para receber a bolsa atleta. Foi aí então que apareceu essa opção.
— Terminei o ensino médio e não tinha certeza do que eu queria. Fiz o Enem e tive uma nota legal. Me inscrevi no curso e acabei ganhando a bolsa. O curso é muito bom, aprendi bastante coisa. Fui pegando o gosto do curso, fiz o estágio em Joaçaba numa fábrica de sementes. Saía do treino e ia para outra área. É uma profissão muito importante para o nosso país. Fiz grandes amigos que me ajudaram na faculdade e no trabalho — relembrou.
Nesse turbilhão de atividades no trabalho, na faculdade, no estágio e nas quadras, Pedro Bianchini viveu momentos de incerteza sobre o futuro.
— Quando a gente caiu fora (no Concórdia), tivemos a notícia que a ACF, o time de Concórdia, não jogaria o Estadual adulto no outro ano. Eu teria que tomar uma decisão: sair de casa e largar a faculdade. Mas, então, optei por ficar em Concórdia. 15 dias depois, recebi uma ligação do Joaçaba e não pensei duas vezes. São cidades próximas. Eu conseguia conciliar o estágio, que era à distância, e fui para o Joaçaba para ser o segundo goleiro com o Léo, que passou aqui na ACBF e hoje está no Benfica — contou Pedro.
Aliás, Léo está no caminho e no destino de Bianchini. Quando Léo deixou o Joaçaba, na metade de 2019, Pedro assumiu a titularidade e começou a se firmar no time de Santa Catarina. Agora, três anos depois, Léo também foi convocado, junto com Bianchini, para os amistosos da Seleção no dia 6, em Brusque, e no dia 9, em Tubarão, contra Marrocos.
— Quando ele (Léo) saiu na metade do ano, assumi a titularidade. Coincidentemente, era perto do mata-mata com a ACBF. Foram 15 dias em que assumi a vaga, joguei contra a ACBF e naquele ano fomos campeões do Estadual em Joinville. Foi tudo rápido. Um ano, não jogar e estar em último, e no outro era titular e campeão — lembrou Pedro Bianchini.
SONHOS NA ACBF E NA SELEÇÃO
As temporadas de 2020 e 2021 foram da incerteza à confirmação dos sonhos para Pedro Bianchini. Com a pandemia, a dúvida sobre a continuidade. Mais de 100 dias afastado dos jogos e só treinando em casa na época do Joaçaba. Com o retorno do futsal, um novo encontro com a ACBF na Liga Nacional. Naquela temporada, junto com Djony (Magnus) e Willian (Joinville), Pedro foi escolhido entre os melhores goleiros da competição.
— Enfrentamos, de novo, a ACBF nas oitavas de final em 2020, e no final do ano vim para cá. Depois, joguei final de Libertadores e semifinal de Liga com a casa lotada. Aconteceu tudo muito rápido e sou muito grato. Quero dar mais valor e marcar meu nome na história da ACBF — projeta Bianchini.
Desde que chegou ao time de Carlos Barbosa, no início de 2021, Bianchini confirmou a expectativa. No ano passado, esteve novamente na disputa como melhor goleiro da LNF, junto com André Deko (Cascavel) e Willian (Joinville). Desta vez, saiu vencedor. Na atual temporada, comanda a melhor defesa do campeonato:
— Estamos com uma campanha sólida e com a melhor defesa. Queremos muito chegar à final, e a ACBF merece. É um trabalho diário com o Guaíba (preparador de goleiros) e os meninos do sub-20.
O time laranja está classificado para as quartas de final da competição e enfrentará o Jaraguá-SC. O primeiro jogo será neste sábado (1º), às 11h, em Jaraguá do Sul. A convocação inédita para a Seleção serve como uma motivação a mais neste momento especial da carreira.
— É um dos sonhos. Não é só meu, mas dos meus amigos e familiares que me acompanharam e viram o processo. Quase desisti e agora estou aqui. A Seleção e a Liga são meus sonhos e tudo é consequência — finalizou Bianchini.