O ginásio do Sesi recebeu as delegações dos 77 países que estão em Caxias do Sul para a 24ª edição das Surdolimpíadas. O espetáculo "Mãos que Falam" marcou a abertura oficial dos Jogos na noite deste domingo (1º). As provas começaram no sábado, com a modalidade do futebol, e seguem até o dia 15 de maio.
Para o evento de abertura não foram vendidos ingressos. Apenas convidados tiveram acesso. Contudo, o setor lotou e, mesmo assim, ainda haviam muitas pessoas buscando espaço para se acomodar. A organização foi obrigada a liberar um novo espaço da arquibancada lateral do palco, destinado aos atletas. Além disso, houve transtornos no trânsito, no acesso ao Complexo Esportivo do Sesi, com o atraso, inclusive, de algumas delegações para a festa.
Pontualmente às 18h, as luzes foram apagadas, as lanternas dos celulares foram o primeiro sinal. Era a luz da inclusão. Logo na sequência, duas mãos grandes metálicas entraram em cena e as pontas dos dedos se tocaram.
A primeira delegação a desfilar foi a França, país que sediou a primeira edição dos jogos em 1924. Depois veio o Afeganistão, com apenas um atleta representante. Após, os surdoatletas entrarem com as bandeiras de seus respectivos países, eles iam se posicionando em dois setores da arquibancada. Conforme as delegações iam passando, o público respondia com as mãos. O mascote Nino, um quati-de-cauda-anelada, também acompanhava cada país no desfile.
Um dos momentos mais emocionantes foi quando a delegação da Ucrânia entrou no ginásio. O público inteiro se levantou e aplaudiu os ucranianos. Os atletas entraram com uma bandeira com os dizeres "STOP WAR", traduzindo para o português: "Pare a Guerra". O país foi invadido pela Rússia. Muitos atletas foram acolhidos em outras nações para treinar. Devido à guerra, o Comitê Internacional de Esportes para Surdos excluiu a Rússia e Belarus dos Jogos.
A delegação brasileira fechou o desfile e foi ovacionada pelo público. Depois da passagem dos 77 países, o Hino Nacional do Brasil foi tocado na gaita por Rafael De Boni e no vocal com Rafa Gubert. Neste exato momento, um coral de Libras se formou no palco.
Com show de luzes e muita dança, o público acompanhava cada detalhe da apresentação. Antes do grande momento final, as autoridades discursaram, como o prefeito de Caxias do Sul Adiló Didomenico; a presidente da Confederação Brasileira de Esportes para Surdos (CBDS), Diana Kyosen; o presidente do Comitê Internacional de Esportes para Surdos, Gustavo Perazzolo; o governador do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira Júnior; e a primeira dama Michelle Bolsonaro.
Emoção não faltou nos últimos momentos da cerimônia. O símbolo dos Jogos, com círculos que lembram um cacho de uva e formam uma cuia de chimarrão, desceu do teto do ginásio para mais um momento impecável.
Por fim, coube ao único medalhista de ouro do Brasil em Surdolimpíadas, o nadador Guilherme Maia, entrar com a chama olímpica, simbolizando todos os surdoatletas do mundo. Ele passou a tocha para Mário Júlio de Matos Pimentel, ex-presidente da CBDS, que acendeu a pira. Agora, os quase 4,5 mil participantes partem em busca das medalhas de ouro, prata e bronze.