O sonho de todo atleta é competir em alto nível e representar seu país em competições internacionais. No rúgbi, a história da capitã da seleção brasileira, Raquel Kochhann, segue este princípio.
Raquel é natural de Saudades, em Santa Catarina. Lá, decidiu que estudaria Educação Física e veio para Caxias do Sul. Em 2011, Raquel foi dar um treino de futsal, e ali que começou seu sonho. Ela recebeu o convite de uma colega de time para conhecer o rúgbi, e a partir do primeiro contato físico, se apaixonou pela modalidade.
— Eu recebi o convite da minha colega de futsal para ir treinar com ela. Sempre gostei de esportes, então por que não o rúgbi? Lembro que era um dia chuvoso e ia ser um treino de contato. Saí com a orelha sangrando, mas sabia que ali tinha encontrado o meu esporte —disse Raquel.
A partir de então, a atleta decidiu abraçar de vez a ideia de jogar na modalidade. Começou a treinar com o Serra Gaúcha Rugby Clube. Na equipe caxiense, disputou o campeonato gaúcho, se destacou e em pouco tempo chegou à seleção brasileira, para se tornar uma Yara (como são chamadas as atletas da seleção feminina).
— Eu fui convidada para jogar com a equipe Charrua, de Porto Alegre, no campeonato Valentin Martinez, no Uruguai. Nessa ocasião, jogamos contra a seleção brasileira e foi um dia histórico para mim. Na oportunidade, jogar contra as melhores do seu país foi muito especial. Na volta desse torneio, me incentivaram a tentar a seletiva para ingressar na seleção e minhas colegas do Serra Rugby me deram total apoio para que isso se tornasse real — explica a atleta catarinense, sobre seu primeiro contato com a seleção.
Após os processos da seletiva, Raquel passou a defender o Brasil e se mudou para São Paulo. No centro do país, Raquel e a seleção foram se destacando em competições internacionais. Em 2015, levou a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos, em Toronto.
Raquel continuava em ascensão, e em 2016 integrou a equipe na histórica participação dos Jogos Olímpicos do Rio. Foi a primeira convocação de Raquel para as Olimpíadas, sonho de todo atleta. Mas não parou por aí. Raquel, em 2017, ganhou o prêmio do Comitê Olímpico do Brasil (COB), como melhor atleta de rúgbi do ano.
O sonho de Raquel era mais do que realidade. A atleta, que almejava vestir a camisa da seleção no futebol, tornou-se um dos principais nomes do esporte. Em 2019, ela participou de mais um evento histórico para o Brasil. Conquistou o World Rugby Women's Sevens Series, em Hong Kong. No mesmo ano, a equipe venceu o título do Pré-Olímpico Sul-Americano, que garantiu a seleção em mais uma edição das Olimpíadas.
A lista oficial de convocação para os Jogos de Tóquio foi divulgada em junho e nela estava mais uma vez o nome de Raquel. Desta vez, a catarinense que se destacou em Caxias do Sul será a capitã da seleção brasileira no Japão.
— No Rio, ficamos em nono lugar. Comparado com os Jogos deste ano em Tóquio, o grupo todo de atletas e staff eram diferentes. A equipe no Rio era muito experiente, com algumas atletas que estavam desde a primeira seleção, de 2004. Agora, no Japão, a preparação foi muito afetada pelas complicações da pandemia. Tivemos um ano inteiro sem treinos e jogos, além da troca do treinador, o que dificulta bastante na preparação ideal para uma Olimpíada. Como grupo, nos unimos e tiramos força de tudo isso — detalha Raquel sobre as preparações das Olimpíadas do Rio e de Tóquio.
As Yaras farão sua segunda disputa na competição mais almejada pelos atletas. A equipe brasileira já está no Japão se preparando e realizando os últimos treinos para sua estreia.
Poder representar meu país sendo atleta é a realização completa de um sonho
RAQUEL KOCHHANN
Capitã da Seleção de Rugby
— O sentimento é sempre de alegria nessas horas. Poder representar meu país sendo atleta é a realização completa de um sonho. É muito gratificante poder fazer isso novamente, em uma Olimpíada. Estar à frente da nossa equipe, como capitã, é um sentimento de alegria e prazer — explicou Raquel.
O Brasil fará o jogo de estreia no dia 28 de julho, contra o Canadá, às 21h30min (horário de Brasília). No dia seguinte, enfrenta a França e Fiji, pelo Grupo B. A disputa ainda reúne outros oito países: no Grupo A estão Nova Zelândia, Grã-Bretanha, Quênia e a equipe do Comitê Olímpico Russo; e no Grupo C tem Austrália (Campeã na Rio 2016), Estados Unidos, China e Japão.
As semifinais, assim como as disputas por medalha de bronze e ouro, ocorrem entre o dia 30 de julho e madrugada de 31.