De tempos em tempos surgem na Serra ideias e projetos que têm o poder de suscitar surpresa na mesma medida em que despertam desconfiança. Mais uma vez, esse foi o sentimento que brotava da plateia que acompanhou na noite de segunda-feira (6), no Santorini Garden, em Bento Gonçalves, o lançamento do Bewine Resort, cujo mote de venda é "o maior parque temático de vinho do mundo". O custo para erguer esse empreendimento está avaliado em R$ 300 milhões — que pode chegar a R$ 400 milhões, por conta da instabilidade dos preços de materiais. O foco do negócio é oferecer uma opção de lazer para toda a família, potencializando o turismo de luxo na Serra.
O projeto, apresentado para uma plateia seleta de cerca de 200 pessoas, dentre as quais, estava o prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Siqueira (PSDB), que, além de enaltecer a ideia, prometeu fazer o que estiver ao alcance do poder público para contribuir com a realização do sonho do empresário Rafael Zardo, que concebeu o Bewine.
— Queremos revolucionar o mundo do vinho, fazendo algo inovador e fidelizar o consumidor. Mas para isso, eu pensava sempre em ter atrações para os adultos e também para as crianças, enfim, para toda a família. Vai ser uma Disney e uma Las Vegas em um só lugar — sintetizou Zardo, na noite de segunda-feira, em meio aos agradecimentos ao apoio que tem recebido da família.
Logo a seguir, o empresário apresentou os demais sócios do empreendimento, que nasceu como um parque e incorporou a ideia de um Resort com 421 apartamentos, que serão comercializados em formato de multipropriedade. Além de Zardo são parceiros no projeto o seu primo, o jornalista Charles Tonet, o advogado Dilson Peres Júnior e o investidor, o empresário holandês, Franciscus Van de Weijer. A quem não está familiarizado com a modalidade multipropriedade, Dilson explica:
—Se chama multipropriedade justamente porque você tem uma matrícula individualizada da sua cota semanal, bissemanal ou mensal, por exemplo. A partir da sua unidade quitada, você não tem mais o custo dela. Esse título é herdável, é uma escritura pública, registrada no registro de imóveis.
Todas as 421 unidades, projetadas pela Ospa Arquitetura e Urbanismo, terão varanda privativa, divididas em três tipos, a Deluxe Suite Terrace, a Premier Suite Terrace e a Luxury Suite Terrace, essa com piscina com borda infinita privativa.
— Quando você compra o nosso empreendimento, apesar de não estar pronto ainda, no momento em que você quitou já pode ter o direito de uso em 4 mil hotéis no mundo todo. Esse direito de uso, de uma semana, pode ser em Orlando, por exemplo. Isso é possível porque estamos juntos com as duas maiores empresas do mundo a Wyndham Hotels & Resorts. E uma das empresas que é subsidiária da Wyndham, a RCI, que vai gerenciar esse intercâmbio — assegura Dilson.
"Não existe nenhuma dúvida de que o investimento vai sair do papel"
O advogado Dilson Peres Júnior estima que será possível colocar de pé o projeto, com o recurso necessário, em menos de dois anos a partir da venda das primeiras unidades. Ainda primeira quinzena de dezembro os interessados podem fazer a pré-reserva dos apartamentos. As vendas, segundo Dilson, devem se iniciar em janeiro de 2022.
— A multipropriedade é muito boa para quem compra, mas ela é muito melhor para a incorporadora. Porque temos um investimento entre R$ 300 a R$ 400 milhões, para realizar tanto o parque quanto o resort, e um valor de vendas total de R$ 1,310 bilhão. É uma margem bem significativa para fazer o negócio ficar de pé rapidamente. Nós acreditamos que em menos de um ano ou um ano e meio nós tenhamos todo o capital necessário para se efetivar o investimento no parque. Além disso, temos um investidor holandês, muito capitalizado, maior produtor de orquídeas da América Latina, com diversas fontes de investimento. Não existe nenhuma dúvida de que o investimento vai sair do papel.
"Quando estiver pronto quero estar aqui"
A estimativa para que o parque e o resort estejam prontos para utilização é até 2025, revela o investidor Franciscus Van de Weijer. O empresário de origem holandesa, que atualmente reside no interior de São Paulo, diz que foi sensibilizado pela ideia há pouco mais de um ano, quando visitava a região o Vale dos Vinhedos.
— Conheci o Rafa (Rafael Zardo) e veio com uma ideia mirabolante e fomos levando e vi que não só fazia sentido, como é uma pérola — defendeu Van de Weijer, após o jantar.
O investidor acrescenta que o conceito do parque e do hotel, por mesclarem o antigo com o moderno deve atrair pessoas de todas as gerações.
— Além disso, vai ter um pôr de sol fantástico. Quando estiver pronto, eu quero estar aqui —brinca.
Para além da experiência sensorial que o lugar deve proporcionar, Van de Weijer avalia que investir no Bewine é um bom negócio.
— Turismo é futuro. Cada vez mais vai estar presente entre nós. Nos próximos cinco a dez anos, eu acho que o turismo local vai crescer muito no Brasil. Eu creio que as pessoas virão cada vez mais para o Brasil. Então tudo isso, junto com o fato de ter uma modalidade como a multipropriedade é interessante.