A jornalista Juliana Bevilaqua colabora com a colunista Babiana Mugnol, titular deste espaço
A região com vocação empreendedora tem também como característica a criação de negócios familiares. Há diversos exemplos, desde pequenos empreendimentos até grandes conglomerados. Por isso, a Serra foi escolhida por uma empresa de Porto Alegre para um projeto de formação de herdeiros.
A terceira edição do Programa Próxima Geração — e primeira na região — começa em janeiro e terá duração de um ano com experiências em cidades como Bento Gonçalves e Gramado. O treinamento é voltado para jovens entre 20 e 35 anos e será realizado de forma híbrida e pode ser acompanhado por pessoas de qualquer local do país.
Conforme Crismeri Delfino, sócia da Possibilità Desenvolvimento do Ser Humano, promotora do programa em parceria com a UTZ Soluções para Empresas Familiares, a proposta é preparar o sucessor para que assuma o negócio da família ou para ser acionista. Neste caso, independente de se envolver com a gestão da empresa, continuarão sendo acionistas e precisarão participar das decisões.
Durante o programa, os participantes serão estimulados ao autoconhecimento, identificando seus interesses, habilidades, pontos fortes e oportunidades de desenvolvimento, para que tenha mais segurança quanto às escolhas durante a sua carreira e a sua vida.
Os mentorados poderão, inclusive, vivenciar o dia a dia de uma empresa diferente da sua, aprender novas práticas e contribuir com melhorias em que vai atuar e se reconhecer em outras realidades.
Passagem do bastão
No Rio Grande de Sul, 80% das empresas são familiares. Apesar de serem um dos principais motores da economia, apenas 30% dos negócios familiares sobrevivem à transição para a segunda geração da família e apenas 5% conseguem chegar à terceira.
Em muitos casos, o sucessor não tem interesse em assumir a empresa. Mas, segundo Crismeri, há outras situações que explicam a dificuldade na sucessão.
— Às vezes, o sucessor quer muito estar na empresa, mas o sucedido não dá espaço. A gente trabalha essa passagem do bastão e que isso precisa ser em vida, porque depois fica muito mais difícil. É um processo que exige muito diálogo — destaca.