Quem percorre o interior de Caxias do Sul e, demais municípios da Serra, já percebe uma movimentação diferente debaixo dos parreirais. E quem vai ao supermercado também encontra os primeiros frutos dessa colheita, da variedade Vênus. Até o final da safra, no primeiro trimestre de 2022, a expectativa é de 600 toneladas de uva.
A variedade Vênus é quem dá o pontapé inicial para a colheita. Ela é uma alternativa de uva de mesa e tem um sabor mais adocicado. A safra inicia com a Vênus devido ao menor ciclo de brotação, na região da Serra, além de ter uma boa aceitação junto ao consumidor.
A produtora Vera Bianchi, 50 anos, cultiva essa variedade em meio hactare, em São Valetin da 2ª Légua, interior de Caxias do Sul.
— Estou há cinco anos produzindo essa uva que é de mercado. Tenho três fornecedores, um de Caxias e outros dois de fora, São Marcos e Montenegro e em média entrego 500 kg. Ela é a primeira a ser retirada e, por isso, tem boa saída por ser saborosa e de qualidade. Depois que chega a rosada, a segunda a ser colhida, já divide os compradores — avalia.
Além da Vênus, a propriedade dos Bianchi cultiva outras variedades, as quais devem ser retiradas dos parreirais no final de dezembro e início de janeiro, para posteriormente serem enviadas para cantinas e vinícolas parceiras.
Esse processo se iniciou com o pai de Vera, Sétimo José Bianchi, na qual ela segue a tradição.
— Eu sigo na lida, mantendo a tradição de meu pai. Estou aqui por gosto, tenho 50 anos e assim será por muito tempo ainda. Mas para entregar esse produto de qualidade, a gente conta com a ajuda das pessoas que vendem os incrementos e nos orientam da melhor forma. Eu agradeço pelo carinho, atenção e dedicação do Cleomar Scalco, o colono precisa de gente assim para tocar sua vida — expressa.
É essa qualidade da uva que atrai Laurete Fatima Posso Spigolon, 49 anos, que vem de São Marcos para buscar o produto da propriedade de Vera e encaminhar para muitos destinos.
— São 27 anos comprando diretamente da Vera. Mandamos para Curitiba, São Paulo e para o estado de Goiás. Somada todas as variedades, compramos 10 mil kg, sempre de qualidade — elogia.
Perspectiva é colher 600 mil toneladas na safra 2021/2022, em todo o Estado
O governo federal publicou na última segunda-feira (29) o novo preço mínimo do quilo da uva, em R$ 1,31, e entrará em vigor em 3 de janeiro de 2022 representa alta de 19,09%. Apesar disso, está três centavos abaixo do que o Dieese, apontava como sendo o mínimo necessário para cobrir as despesas com a produção, avaliado em R$1,34.
O presidente da Comissão interestadual da Uva, Cedenir Postal, entende que o valor agradou.
— Foi uma vitória, até porque o Dieese é contratado por nós para fazer esse levantamento do custo de produção. R$1,31 foi positivo, pois nunca tivemos um aumento tão grande em percentual, quase 20%, apesar da alta dos insumos — pontua.
Com relação a expectativa para a safra 2022, Postal entende que será positiva, mesmo sem o chegar ao volume do ano anterior.
— Acho que está vindo bem, em quantidade um pouco menor que a última, cerca de 30%, até porque a última foi muito cheia. O clima não afetou muito a produção, mas está dentro da normalidade essa produção. Entre todas as variedades esperamos colher 600 mil toneladas — revela.
Em termos comparativos, na safra de 2020/2021, segundo dados do IBGE, foram colhidas no Rio Grande do Sul 735 mil toneladas, já em 2019/2020, a produção foi de 732 mil toneladas e, em 2018/2019, havia sido de 614 mil toneladas.