É possível crescer mais e mais, sem precisar ampliar o número de funcionários? Como se faz para sair de um cenário de crise e prejuízo perdendo 125 milhões de euros por ano, para um lucro de 4 bilhões de euros, anual, com um desempenho de lucro de 15% em vendas? E mais, qual a receita para destruir velhas mentalidades e construir mentalidades de inovação permanente e melhoria contínua dos processos?
Essas foram as principais questões levantadas pelo presidente e CEO da Porsche Consulting Brasil, Rüdiger Leutz, que palestrou na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), nesta segunda-feira (6), à convite do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul e Região (Simecs). Bem humorado, e como um típico alemão, "sem papas na língua", ele insistiu em alguns pontos, como se de fato estivesse prestando assessoria aos empresários de Caxias e região.
Seu tema se baseava na jornada de transformação da Porsche em função da aplicação dos conceitos de Lean Manufacturing. De forma sintética, o Lean Manufacturing é sistema de gestão que busca aumentar a eficiência e a produtividade reduzindo erros e redundâncias na produção industrial. O modelo foi desenvolvido por Taiichi Ohno, um engenheiro da fabricante de automóveis Toyota.
Mas, muito além de uma palestra técnica, Leutz estava motivado a provar que é preciso insistir na melhoria constante dos processos.
— A nossa visão, de uma fábrica inteligente, significa que trabalhamos muito mais com dados, com sensores, com informações, que depois viram decisões. Todo processo, seja físico, ou digital, é o que manda, e ele tem de ser enxuto. Terceiro ponto, cada vez mais importante para o futuro de uma fábrica inteligente, a fábrica tem de ser muito sustentável em termos de energia e de todos os recursos — explica.
E sintetiza, em uma frase, que é ao mesmo tempo emblemática e inspiradora:
— Porsche é Porsche, porque sempre se transforma.
Para ele, não importa o tamanho de uma empresa, se de pequeno ou médio porte, o que importa é dar o primeiro passo e revisar cada um dos processos.
— A única coisa que sempre convence as pessoas é o resultado.
E falando em resultado, Leutz diz que a empresa saiu de prejuízo anual de 125 milhões de euros, para um lucro anual de 4 bilhões de euros. Mas os alemães querem mais. Para isso, estabeleceram metas de corte de custos em todas as áreas, além de metas de melhoria de processos. Por meio de um programa de rentabilidade, Leutz revelou que a empresa pretende ter uma receita de 10 bilhões de euros até 2025, se cada um dos setores puder fazer mais com menos. E, depois de 2025, rentabilizar 3 bilhões de euros, por ano.
O futuro? Além de continuar a fabricar os veículos mais desejados do mundo, customizados com a necessidade e perfil de cada cliente, a Porsche pretende investir fortemente em uma plataforma com dados e informações para que possam ser vendidos, servindo como uma Apple store, onde qualquer empresa, de qualquer setor, vai poder comprar aplicativos e soluções para aplicar em seus produtos e serviços.
Além é claro, de investir em carros voadores, mas isso é assunto para um outro momento, desconversou Leutz.
E, por fim, uma mensagem clara, a todos:
— Nós colocamos o dinheiro onde está a nossa visão.
Ou seja, para bom entendedor meia palavra basta. Antes de espalhar robôs pela fábrica, Leutz aconselha que as empresas aprendam a definir qual é a sua visão.