
Um diálogo entre arte, ancestralidade, costumes e criatividade é a proposta da exposição Mbyá Guarani, estamos aqui!, que pode ser conferida a partir desta quinta-feira (24), no Centro de Cultura Ordovás, em Caxias do Sul.
A abertura oficial será às 19h, com a presença do joalheiro Cesar Cony e Mbyá Guarani Vherá guyra' (Jaime Valdir da Silva).
Fruto de uma parceria entre o joalheiro e escultor Cesar Cony e artesãos e artesãs da aldeia Tekoá Jataí'ty, de Viamão, na região metropolitana, as obras mesclam pedras preciosas, prata, esculturas de animais em madeiras de erva-mate e corticeira, fibras de taquara, latão e ferro.
Em 33 obras, a exposição mostra ao público o significado e valor da ancestralidade do artesanato guarani por meio de intervenções contemporâneas e com significado. Um exemplo é a obra de uma águia de quase de um metro de altura, esculpida em madeira de erva-mate e espatulada a ferro quente, com olhos moldados em citrino, bico e crista de latão envernizado e pedras de zircônia no peito. Unindo a modernidade ao legado guarani.
Ao todo, 17 esculturas representam animais. Esculpidas em madeira de erva-mate e corticeira pelos artesãos da aldeia, receberam, depois, técnicas de joalheria aplicadas por Cony. Os materiais utilizados pelo joalheiro vão da prata, pedras de rubi, ametista, topázio azul até o latão.
A exposição também conta com uma estrutura de ferro de três metros de comprimento, desenvolvida por Cony e tramada com taquara pelo artesão Vherá xunú (Cornélio Gimenez da Silva) para representar uma cobra. Junto das obras, Cony também apresenta uma coleção de joias em prata formada por 15 peças inspiradas nas esculturas que compõem a mostra.
— O projeto é um ato poético que busca tocar o coração das pessoas e promover a cultura Guarani através de diálogo entre joalheria e escultura. O Brasil tem uma população indígena gigante, colocada à margem. Precisamos olhar para a nossa ancestralidade e agir com ações concretas para apoiar as comunidades guaranis — provoca Cony.
A mostra também se propõe a impulsionar a geração de renda para a comunidade indígena. Cinquenta por cento do valor arrecadado com a comercialização das obras será destinada aos artesãos participantes.
— Fora do território da aldeia o artesanato indígena não é visto por sua potência criativa e espiritual, somente como mero souvenir. Despertar uma nova percepção sobre a cultura dos povos indígenas é o objetivo deste projeto construído ao longo de um ano — reflete Cony.

Saiba mais
- A aldeia Tekoá Jataí’ty, localizada na zona rural de Viamão, tem mais de 50 anos, segundo o cacique Vherá mirim, Cláudio Gimenez da Silva.
- O líder indígena, de 28 anos, conta que 34 famílias (185 pessoas, sendo 95 delas crianças) habitam o local.
- A reserva possui 283,6 hectares demarcados e homologados, porém a comunidade guarani utiliza apenas 40 hectares e aguarda solução por parte dos órgãos federais para endossar o restante da terra.
Programe-se
- O quê: exposição Mbyá Guarani – estamos aqui!.
- Quando: desta quarta-feira (24) a 18 de maio. Abertura oficial com visita guiada às 19h, com a presença do joalheiro Cesar Cony e o Mbyá Guarani Vherá guyra' (Jaime Valdir da Silva). Visitação às segundas-feiras, das 10h às 16h; terças às sextas, das 10h às 22h; e sábados, domingos e feriados, das 14h às 22h.
- Onde: Largo Expositivo do Centro de Cultura Ordovás (Rua Luiz Antunes, 312 - Panazzolo - Caxias).
- Quanto: entrada gratuita.