A propósito da exposição Tessituras circulares: um resgate da arte têxtil de Ana Norogrando, que abre nesta quarta-feira (8), na Galeria de Arte do Campus 8, é importante conduzir o espectador pela trilha da arte contemporânea. Porque esse é o manancial da obra de Ana, artista, professora e pesquisadora que reside e trabalha em Porto Alegre.
— Eu acredito que o resgate dessa parte da obra da Ana Norogrando mostra para essa nova geração de artistas, designers e até do pessoal da moda, que a relação entre a mão e a mente criadora é o que sempre move o artista. E, nesse caso, nos cabe mostrá-la a partir do seu lugar de origem que é a arte, e no caso da Ana, a arte contemporânea — justifica a curadora da exposição, a doutora em História, Teoria e Crítica, pesquisadora e professora da UCS, Silvana Boone.
No ensaio A arte contemporânea e seus enigmas, escrito pela pós-doutora Lucia Santaella ela ampara-se em Vladimir Mayakovsky e Walter Benjamin para defender que entre 1960 e 1970 as artes já haviam expandido o conceito de arte contemporânea. Seja ao citar Mayakovsky, em sua famosa expressão “sem forma revolucionária não há arte revolucionária”, ou ainda, seguindo a rota de Benjamin, que “reivindica a expansão das fronteiras das artes para além da tradição do desenho, pintura e escultura”.
Em ambos os casos tudo isso se encaixa no que Silvana Boone chama de “experiência visual e sensorial” a partir da obra de Ana Norogrando.
— Ela é uma artista do seu tempo e para além dele. Porque ao longo de sua trajetória ela resignificou os objetos e a própria matéria a qual ela construiu as diferentes abordagens da escultura. Ana sempre buscou se apropriar de elementos significativos ao alcance de seu olhar, por muitas vezes, feminista, e em mutação na ação das próprias mãos. Por isso, creio que essa exposição é muito importante, porque resgata parte da obra têxtil dela, que é também histórica no contexto da arte têxtil no Rio Grande do Sul — avalia Silvana.
As obras expostas no Campus 8 são datadas dos anos 1980 e 1990, como explica Silvana, em uma época em que era muito difícil separar os conceitos de arte que se manifestavam na esfera da arte contemporânea, entre a produção artesanal e aquilo que o termo têxtil se associava. Daí a necessidade desse mergulho orientado através da arte contemporânea, seja por meio da ponderação crítica, como sugere a Santaella, ou por meio da fruição desse recorte da carreira de Ana Norogrando, proposto pela olhar curatorial de Silvana Boone.
Programe-se
- O quê: Abertura da exposição “Tessituras Circulares: um resgate da arte têxtil de Ana Norogrando”.
- Quando: Quarta-feira (8), às 19h30min. A artista participa ainda de um bate-papo, a partir das 20h, sobre sua carreira, no Auditório Marelli (Campus 8).
- Onde: Galeria de Artes do Campus 8 da UCS - Caxias do Sul. Visitação até 6 de abril, de segunda a sexta-feira, das 8h às 22h.
- Quanto: Entrada franca.