Um local tranquilo, integrado à natureza, que mesclasse aconchego e sofisticação. Esse foi o pedido do médico Victor Sorrentino e sua esposa, a empresária e digital influencer Kamila Monteiro, para a residência deles no condomínio Terra Ville, em Porto Alegre. As propostas foram ao encontro do trabalho realizado pela arquiteta e urbanista caxiense Bianca Mattana, que atua há oito anos no segmento. Para contemplar uma área de mais de 800 metros quadrados, o projeto civil da casa começou a ser desenvolvido em 2016, enquanto que o de interiores se iniciou em 2019. A Casa Sorrentino se vale do estilo neoclássico, evidenciado no frontão e pilares da fachada, com traços mais contemporâneos, ao fundo. Um dos produtos finais desse arranjo foram as esquadrias, que aparecem em formato de arco no primeiro pavimento, e no segundo, com linhas mais retas e retangulares.
O planejamento de interiores, por sua vez, exigiu muita criatividade de Bianca para arquitetar mais de 15 ambientes: três suítes, escritório, lavanderia com quarto, brinquedoteca, sala de cinema, hall de entrada com piano, sótão com suíte, sala de estar, living para café, área gourmet, sala de jantar e cozinha. Com o objetivo de destacar detalhes de cada cômodo, optou-se pela utilização da madeira natural e elementos que não contrastassem com a natureza.
Ao mesmo tempo, o projeto revela aspectos que evidenciam a busca por manter uma unidade na Casa Sorrentino. Dentre eles, vale ressaltar as boiseries, molduras decorativas criadas na França por volta do século 17, que imprimem charme e elegância às paredes das áreas sociais, onde foram aplicadas sob a alvenaria, e no mobiliário, como na cozinha, no qual nota-se um tamponamento em marcenaria, com formas mais puras. Na brinquedoteca, seguem a linha clássica. Nos espaços íntimos, a proposta pode ser vislumbrada na suíte master, emoldurando as paredes e o closet, assim como no delicado papel de parede no quarto do filho do casal.
Os pisos também ganharam destaque. No primeiro pavimento primou-se pela utilização do mesmo revestimento em todos os ambientes, criando uma paginação que se encaixasse na modulação da planta, imprimindo simetria e direcionamento dos planos horizontais e verticais, assim como na escada. Externamente, optou-se por manter o material, mas com outra textura, para criar harmonia e, ao mesmo tempo, expor a diferença entre os espaços.
Para o segundo pavimento foi eleito um piso tradicional nos projetos clássicos: o espinha-de-peixe. O nome está atrelado ao fato de ser composto por pequenas lâminas de madeira natural, que mesclam tonalidades. O material proporciona sensação de aquecimento nos cômodos íntimos.
Essas características, somadas à combinação de artigos de antiquário com peças do design contemporâneo brasileiro, fizeram com que o projeto fosse eleito para ilustrar a edição 425 da revista Casa Vogue, em fevereiro.