Este projeto paisagístico foi concebido para realçar a proposta do espaço, uma fábrica (de 1942) abandonada há anos e que foi totalmente restaurada. A empreendedora que investiu no restauro visualizava um casamento entre o antigo e o novo, entre o passado e o contemporâneo. O projeto, desenvolvido pela Blume Pequenas Paisagens seguiu essa trilha. Resultado: os jardins externos combinam plantas que habitavam as casas das nonnas com plantas ainda hoje pouco vistas na cidade.
Alguns exemplares foram coletados nas colônias da região, porque praticamente inexistem no mercado, é o caso do lírio-do-brejo, da taioba e do cipó-de-São João, que evocam memórias afetivas. Hoje, o Complexo Fabbrica, referência em gastronomia, cultura e entretenimento em Caxias do Sul, contempla, harmoniosamente, plantas adoradas pelas vovós e plantas admiradas por amantes da natureza em geral.
Segundo o paisagista Gilberto Blume, o resultado estético dessa composição também é vantajoso do ponto de vista da manutenção, uma vez que o uso de plantas nativas é a certeza de agregar ao paisagismo espécies adaptadas às variações climáticas da Serra gaúcha. Além disso, jardins que consideram as belezas de plantas pouco convencionais surpreendem, oferecem uma festa aos olhos!
Jardinagem sem grilo
- Nem todas as plantas espontâneas que nascem no jardim precisam ser suprimidas. Algumas delas são bem-vindas, pois diminuem a erosão, a evaporação de água e a perda de nutrientes;
- Há ervas que funcionam como bioindicadoras da qualidade da terra, enquanto leguminosas melhoram o solo e algumas espécies produzem pólen e néctar para as abelhas e outros insetos benéficos;
- Ao arrancar plantas invasoras na horta, aproveite-as para a adubação verde, fornecendo enzimas e substâncias nutritivas que as culturas não conseguem absorver apenas do solo;
- Um gramado será mais bonito, quanto mais uniforme for a altura em que é mantido. Como o crescimento ocorre em ritmo diferenciado ao longo das estações do ano, mantenha a observação para adequar a periodicidade dos cortes;
- Lembre-se de observar a existência de plantas alimentícias não convencionais (PANCs) e fitoterápicas. Aproveite-as;
- Se diagnosticados no início, os ataques às plantas são controláveis com produtos naturais simples. Prefira sempre métodos de controle físicos e não químicos.
Os agrotóxicos matam micro-organismos do solo, tornando-o pobre e desequilibrado. Muitas vezes, o aparecimento de doenças está associado ao excesso de água ou falta de nutrientes. Na dúvida, consulte um profissional;
- Se a superfície do canteiro estiver protegida, será menor a necessidade de reposição de solo perdido pela erosão. Uma maneira simples de fazê-lo é depositar aparas de grama e folhas secas entre as plantas dos canteiros (mulching), o que também conserva melhor a umidade.
- Amantes da natureza podem expressar sua gratidão apostando na beleza e funcionalidade dos telhados verdes. Esse tipo de cobertura contribui para o conforto térmico no interior da construção e promove um ambiente mais equilibrado no entorno, contribuindo com o clima e a alimentação de pequenas aves e insetos;
- Ao plantar em vasos, lembre-se de garantir a drenagem com furos na parte inferior e evite molhar em excesso. Folhas amareladas indicam processo de apodrecimento por irrigação demasiada.
Fonte: José Benetti, Ecologin - Paisagismo e Casa ecológica