Com ingressos esgotados desde quarta-feira, Zezé Di Camargo & Luciano reencontram os fãs caxienses na noite desta quinta-feira, em uma apresentação no UCS Teatro em que celebram seus 27 anos de carreira. Em Romântico Demais, turnê com a qual estão na estrada desde 2016, os irmãos goianos passeiam por diversas épocas de sua bem-sucedida trajetória musical, iniciada com o lançamento do primeiro disco, em 19 de abril de 1991. Partindo de É o Amor, hit que os consagrou e que já foi regravado por artistas dos mais diversos gêneros Brasil afora, de Raça Negra a Maria Bethânia, a dupla faz uma espécie de viagem no tempo em um setlist recheado de composições, como A Ferro e Fogo, Menina Veneno, Você Vai Ver e Como Um Anjo, entre outras.
Com imagens em telões de led e efeitos de luzes, Romântico Demais traz ainda No Dia Em Que Saí de Casa, tema do filme 2 Filhos de Francisco, de 2005, que conta a história dos sertanejos. O longa de Breno Silveira mostra obstinação de Francisco em transformar os filhos Mirosmar (Zezé) e Emival, na época com 12 e 11 anos, em uma dupla de sucesso.
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Confira o setlist do show de Zezé Di Camargo e Luciano em Caxias do Sul nesta quinta-feira
Não há mais ingressos para o show de Zezé Di Camargo e Luciano em Caxias do Sul
Com mais de 40 milhões de cópias vendidas em quase três décadas, Zezé Di Camargo & Luciano seguem cantando o mesmo amor que lhes abriu as portas lá no começo. O show em Caxias integra um giro pelo Rio Grande do Sul que incluiu Porto Alegre (ontem), Lajeado (amanhã) e Bagé (sábado).
Confira trechos a entrevista com os músicos:
Pioneiro: Quase 30 anos depois do início da dupla, o que os inspira a cantar?
Zezé Di Camargo: Nossos fãs. Ver um show lotado, todos cantando com aquele amor, é o que nos move. Mesmo 27 anos depois, graças a Deus, temos uma agenda movimentada e estamos em destaque com músicas, seja nas plataformas digitais, YouTube ou rádios.
Como foi escolher o repertório deste show?
Luciano: É uma verdadeira deliciosa viagem no tempo. Toda a concepção do show preza por isso. Teremos todas aquelas canções que não necessariamente foram trabalhadas nas rádios, de 1991 para até 2018, mas que o público gosta e sempre cantou e pediu nos shows. Romântico Demais preza por atender aos pedidos de nossos fãs. O repertório vai contemplar um pedacinho de cada época nossa, ao longo desses 27 anos de carreira. Começando, claro, por É o Amor, o começo da nossa história e passeando por Tarde Demais, Fui Eu, Mexe Que É Bom, Sonho de Amor, No dia em que saí de casa e Dois Corações e uma História. Também vamos cantar as atuais Flores em Vida, O Defensor, Destino e Deu Ocupado de Novo. O público pode esperar dois cantores cheios de saudade da terra maravilhosa.
E como é retornar mais uma vez ao Sul e, em especial, a Caxias do Sul?
Zezé: É demais. O Rio Grande do Sul, em especial, é um dos Estados que abraçaram nosso trabalho antes mesmo do Estado se render ao sertanejo. Gostamos demais.
Todo sertanejo é Romântico Demais?
Luciano: Nós somos românticos demais até na turnê. Tem muitos que são, a maioria. Tem a nova geração que traz Luan Santana, Gusttavo Lima, Jorge e Matheus, Marcos e Belutti, João Neto e Frederico, Gusttavo Mioto e outros tantos jovens como Rafa Augusto com essência romântica. Mas tem uma turma de sertanejo mais solto, menos apaixonado, digamos assim...
Qual o principal aprendizado de uma carreira tão longeva?
Luciano: O sucesso não tem segredo ou fórmulas. Respostas existem várias, mas quem de fato conquista o público sabe que não existe uma receita. Existe, sim, uma história. E tenho orgulho da que construímos.
Quem é o público de Zezé Di Camargo & Luciano hoje?
Zezé: É muito gratificante, em 27 anos de carreira, a gente alcançar crianças, jovens, adultos e idosos. É como a gente costuma dizer sempre: Tem um momento em que a música nem é a principal peça para se manter. É um negócio, que você tem que reaquecer como qualquer outro. Eu sempre falo que não sou cantor, sou operário da música. Então você tem que estar trabalhando o tempo todo naquilo.
Como avaliam as transformações da música sertaneja ao longo do tempo e seu atual momento? Como as novas tecnologias impactaram no trabalho de vocês?
Zezé: Quando surgimos, no início do anos 1990, aquele fenômeno era maior do que esse, mas com menos gente dentro do movimento. Naquela época, tinha especial na Globo de música sertaneja, o Leandro e Leonardo tinham um programa na emissora, havia umas cinco rádios FMs de música sertaneja no Rio. Hoje, só tem uma. As pessoas tem memória curta, mas o espaço era bem maior.
Luciano: Luan Santana canta desde que era criança. É um menino que eu admiro o trabalho. João Bosco & Vinícius e João Neto e Fred gostam de ZC&L desde pequenos, mas ninguém pode esquecer que eu tinha 17 anos quando comecei. Os novos artistas reforçam o gênero, só fortalece a música sertaneja, que é a paixão nacional. Tem ainda Jorge e Mateus, que têm feito um excelente trabalho. Enfim, Como um Anjo e Você Vai Ver, por exemplo, que são nossos sucessos, são cantados pelos novos sertanejos.
Zezé: A música sertaneja faz parte da cultura do país, portanto, a cada ano surgem novas duplas e compositores excelentes. O gênero sertanejo não é modismo. A nossa origem é sertaneja, nunca negamos e não acreditamos que algum dia o nosso gênero tenha morrido ou venha a morrer. Artistas como Luan Santana, João neto e Frederico, Jorge e Mateus, Marcos e Belutti, Victor e Léo, Fernando e Sorocaba, César Menotti e Fabiano fazem sertanejo. Os leigos saem divulgando este rótulo de sertanejo universitário, como já teve forró universitário e pagode universitário. Esses novos artistas fazem o sertanejo. Assim como aconteceu com a gente. Quando começamos, em 1991, fomos intitulados de new sertanejo e nós recusamos este rótulo. Houve uma peneira e ficaram os que tiveram o reconhecimento do público.
Como é ser referência para novos artistas, muitos dos quais se espelham em duplas como vocês?
Zezé: Inspirador!