Às vésperas do centenário de nascimento de Honeyde Bertussi (20/02/1923-4/01/1996), destacamos uma das tantas apresentações que marcaram a trajetória do acordeonista que, juntamente com o irmão Adelar (1933-2017), elevou a música regional gaúcha e o instrumento a um novo patamar de relevância e destaque, a partir de 1949.
Foi em 5 de agosto de 1982, quando o espetáculo promovido pela Universidade de Caxias do Sul recordava dos 40 anos de carreira do gaiteiro - em especial, de sua estreia tocando em um baile, em 1942. Em um Cine Ópera lotado, com gente tendo de ir embora por falta de espaço, o público conferiu um show memorável, de três horas de duração.
Honeyde foi reverenciado por músicos como Itajaiba Mattana, Edson Dutra, Daltro Bertussi, Albino Manique, Acioly Cardoso, Oscar dos Reis e, logicamente, pelo irmão e parceiro de dupla Adelar e pelo pai - e grande incentivador - Fioravante Bertussi.
CLÓVIS PINHEIRO
O espetáculo, que também integrava a programação de aniversário de 15 anos da UCS -fundada em 1967 -, seria conduzido inicialmente pelo tradicionalista Clóvis Pradel Pinheiro e pela professora Suzete Dallegrave. Porém, Pinheiro adoeceu e foi substituído pelo arquiteto Paulo Bertussi, filho de Honeyde.
Confira detalhes da apresentação na matéria publicada pelo Pioneiro em 7 de agosto de 1982:
A consagração ao “Cancioneiro das Coxilhas” veio de todas as formas, começando pelo público, que lotou completamente o Cine Ópera, num espetáculo sem precedentes. Prosseguiu com a concessão da Medalha Simões Lopes Neto pelo Governo do Rio Grande do Sul em retribuição aos brilhantes serviços prestados por Honeyde Bertussi à promoção da música rio-grandense; a medalha da Universidade de Caxias do Sul, votos de louvor da Assembleia Legislativa e da Câmara de Vereadores, atingindo o clímax artístico com a presença emocionada de acordeonistas do mais elevado nível, que Honeyde influenciou de uma forma ou de outra na carreira que escolheram.
As reclamações dos que não puderam entrar são admissíveis, mas não puderam passar disso, face ao cuidado dos organizadores em oferecer toda a segurança aos espectadores. Quando a lotação foi esgotada, não houve outro caminho senão fechar as portas, até porque os ingressos estavam rigorosamente controlados.
A saber: conforme a reportagem da época, cerca de 200 pessoas tiveram de retornar para casa sem poder assistir ao espetáculo, “tendo que se conformar com a transmissão completa realizada pela Rádio Caxias”.
Apoteose ao final
“O espetáculo evoluiu de maneira fácil, autêntica e comunicativa, alternando momentos de emoção para o homenageado e de execuções artísticas de extraordinária habilidade”, segundo a reportagem de agosto de 1982:
Adelar Bertussi, Paulinho Siqueira, Acioly Machado, Albino Manique, Itajaiba Mattana, enfim, foi um conjunto de preciosidades aplaudidas pelo público, que delirou com os 20 minutos finais, quando os irmãos Bertussi interpretaram algumas das músicas que os consagraram. Destaque ainda para a participação do pai do homenageado, Fioravante Bertussi, emprestando brilho a um dos momentos mais belos da festa.
A saber: Honeyde e Adelar não atuavam juntos havia 17 anos. O último show como dupla ocorreu em 21 de março de 1965, no encerramento da Festa da Uva, ainda na Rua Alfredo Chaves, diante de um público de 40 mil pessoas (foto abaixo).
SOLENIDADE
Nesta quarta-feira (15), Caxias dá início oficial às homenagens com a assinatura do decreto do “Ano do Centenário Honeyde Bertussi” pelo prefeito Adiló Didomenico. A cerimônia, às 17h, no Centro de Cultura Ordovás, irá contar com apresentações de gaiteiros e artistas convidados no palco do Zarabatana Café. A entrada é franca.