A missa de lembrança de falecimento do casal Antônio Vidor (três anos) e Olga Bonatto Vidor (sétimo dia), prevista para ocorrer neste sábado (30) , às 18h, na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, traz as lembranças da trajetória de ambas as famílias - inicialmente moradoras do distrito de Santa Lúcia do Piaí, depois, do bairro Cruzeiro. Quem ajuda a recontar parte dessa história é o leitor e colaborador da coluna Memória Éder Dall’Agnol Santos.
Filho de Angelo Vidor e Maria Bonatto, Antonio Vidor, o “Toni”, nasceu na Linha Paese de Santa Lúcia do Piaí em 12 de agosto de 1926. Já a esposa Olga Bonatto, nascida a 11 de dezembro de 1929, era filha de Secondo (Secundino) Bonatto e Maria Corrent, moradores da Linha Nova Camaldoli.
Conforme Éder, Olga teve o registro de nascimento tardio, o que era bastante comum na época devido à distância dos cartórios - as famílias costumavam esperavam ter mais filhos e, muitas vezes, realizavam apenas um registro de nascimento para todos. Olga, por exemplo, nasceu no ano de 1927, mas foi registrada apenas em 1929.
"Taxa" para casar em 1948
Seu Antonio e dona Olga se conheceram na segunda metade dos anos 1940, durante uma festa das comunidades do interior de Santa Lúcia. Já o casamento chegou em 24 de julho de 1948, na Capela de Nossa Senhora do Rosário, na Linha Paese, na presença do padre Domingos Tonini - consta que o pároco, ao ser informado, no dia da celebração, que os noivos eram primos de segundo grau, cobrou uma taxa para realizar a cerimônia.
Na sequência, o casal foi residir em terras localizadas nos fundos da Linha Paese, perto da Linha de São Pedro e Canudos. Permaneceram na localidade por 10 anos, indo residir posteriormente na vila de Santa Lúcia, onde Antônio começou a trabalhar como moageiro no moinho de seu sogro, Secondino Bonatto - tempos depois, ele iria fazer parte da sociedade do moinho.
Já a esposa, dona Olga, mesclava os afazeres domésticos com o trabalho na agricultura. Costurava manualmente as roupas dos filhos e, em parceria com a irmã Lurdes Bonatto, dava forma também a malhas, casacos e uniformes escolares - a partir dos tecidos adquiridos no antigo Empório Caxias.
A saber: o registro ficial do casamento (abaixo) não foi feito na ocasião da cerimônia religiosa, na Linha Paese. Como não havia fotógrafo naquele dia, Antônio e Olga tiraram a foto cerca de dois meses depois de casados, na Igreja Matriz de Santa Lúcia do Piaí.
Amizade com Adelino Colombo
Por trabalhar no moinho do sogro Secundino Bonatto, Antônio Vidor se tornou conhecido e influente na sociedade. Em suas memórias, o empresário Adelino Colombo, fundador das Lojas Colombo, relatou que, durante muitas de suas idas a Santa Lúcia no início da década de 1970, foi guiado por seu Antônio em visitas aos moradores para comercializar e instalar os primeiros aparelhos de televisão da localidade.
Detalhe 1: por ser genro do dono do moinho de Santa Lúcia, Antonio ficou conhecido como “Toni do Moinho”.
Detalhe 2: Toni também costumava ser procurado por gerentes de banco que buscavam informações de moradores de Santa Lúcia do Piaí, após estes solicitarem empréstimos bancários - a chamada “procedência”.
Família e mudança para Caxias
Antonio e Olga tiveram sete filhos: Hélia, Paulo, Izolde, Agustinho, Jussara, Glademir e Dário, além de três netos e cinco bisnetos. Em julho de 1975, Antonio passou a residir no bairro Cruzeiro, onde comprou a atual propriedade da família, localizada na Rua Luiz Michelon. Foi quando começou a trabalhar no antigo aviário Pena Branca - no final daquele ano, Olga veio com os filhos e a mudança para "a cidade".
Seu Antonio permaneceu no aviário até o ano de 1989, quando se aposentou. Neste mesmo ano, seu filho Agustinho Vidor foi ordenado padre - o religioso atua na Arquidiocese de Brasília, onde se encontra há 30 anos.
Antonio Vidor faleceu em 31 de julho de 2019, aos 92 anos. Dona Olga, em 22 de julho último, aos 94.
Benzeduras
Toni possuía o dom da benzedura e era procurado frequentemente por pessoas com problemas no nervo ciático. Também era conhecido por colocar nervos destroncados “no lugar”.