A serraria de Francisco Andreazza no interior de Santa Lúcia do Piaí, citada na coluna de ontem, foi o local onde começou a trabalhar o jovem João Communello – filho dos imigrantes italianos Francisco e Rachele Sgarlia Communello e nascido em 1899. Oriundo de Garibaldi, Comunello atuava na localidade de Água Azul quando conheceu a jovem Maria Andreazza (Marietina), filha do casal Francisco Andreazza e Julia Richetti Andreazza e nascida em 1904.
Conforme apurado pelo historiador Éder Dall'Agnol dos Santos, João e Maria uniram-se em matrimônio em 1924, ele com 25 anos, ela, com 20. A cerimônia, na Capela de Nova Camaldoli, foi conduzida pelo padre Ildefonso Fautin, da ordem dos Frades Camaldulenses, estabelecidos na região em 1909. Dessa união nasceram 13 descendentes: Maria, Líria, Ortenila, Deulália, Nely, Lourdes, Leony, Nuely, Dornélio, Jurema, Luis Carlos, Miguel Ambrósio e Norberto.
Parte deles aparece no registro acima, do início dos anos 1960. A partir da esquerda estão o fotógrafo Fiorentino Cavalli, a esposa Nely Communello Cavalli, Jurema Communello, o casal João Communello e Maria (Marietina)Andreazza Communello, Nuely Communello, Dornélio Communello (Chico), a matriarca Júlia Richetti Andreazza, Ortenila Communello (com o esposo Onorato Perini) e Deulália Communello (com o esposo Valdemar Perini). À frente estão as crianças Miguel Ambrósio Communello, Luís Carlos Communello, Norberto Communello e Silvio (filho de Deulália e Valdemar).
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O trabalho
Em Água Azul, João Communello começou a vida nas terras ganhas do sogro, na localidade de Forno Velho. A filha Nuely Communello, hoje com 81 anos, recorda de muitas vezes, na infância, ter percorrido a cavalo o trajeto de Santa Lúcia até Água Azul, onde ficava a propriedade do pai, para levar as refeições e ajudar nos serviços agrícolas.
Anos depois, Communello foi obrigado a vender as terras para poder pagar as despesas do tratamento de saúde do filho Dornélio Francisco. Segundo o pesquisador, devido à precariedade na área da saúde em Santa Lúcia, João, Maria e o filho percorreram várias vezes as estradas precárias da região a cavalo ou em uma carroça, para seguir com o tratamento.
Uma nova casa
Com a herança recebida do sogro e doada pela viúva Julia Richetti Andreazza, João Communello adquiriu um terreno em frente à praça central de Santa Lúcia, ao lado da casa da sogra. Na área, Communello construiu um casarão de madeira, que, inicialmente, servia de pouso para os tropeiros da região (foto abaixo).
Era lá que a esposa, dona Marietina, trabalhava lavando roupas e cozinhando. Mais tarde, porém, o hotel acabou sendo transformado em um armazém de secos & molhados, a partir de uma sociedade com Olinto e Oscar Andreazza. Dali a pouco, surgiria outra casa e outro negócio: o Bar Communello, cuja história abordaremos em breve.
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Colaboração
O resgate da trajetória das famílias Andreazza, Comunello, Cavalli e Damin, assim como outras que ajudaram a colonizar o distrito de Santa Lúcia do Piaí, é fruto de uma pesquisa do historiador Éder Dall'Agnol dos Santos. O trabalho em breve deverá ser transformado em livro.
Moradores do distrito que tenham interesse em colaborar com fotos e dados sobre suas famílias podem entrar em contato pelo e-mail ederdallagnol89@gmail.com ou fone/whats (54) 98449.9186.
Recentemente, Dall'Agnol também resgatou a trajetória do fotógrafo Hugo Neumann, atuante no interior de Nova Petrópolis a partir da década de 1920, conforme você confere nos links abaixo.
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Santa Lúcia do Piaí em livro
Um pouco da história – e das memórias – do distrito de Santa Lúcia do Piaí estão eternizadas no livro Retratos: Santa Lúcia do Piaí, Paisagens, organizada pelas professoras da Universidade de Caxias do Sul Luiza Horn Iotti e Eliana Rela.
Além de Luiza e Eliana, os textos são assinados por Anthony Beux Tessari, Cristiane Sebem Damo, Mégui Dal’Bó, Sandra Barella e Valdir dos Santos. Já as imagens levam o crédito do professor Aldo Toniazzo.
O conteúdo pode ser acessado na íntegra aqui.
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