Você sai da sua vida, seus afazeres, seus movimentos de vida que podem trazer possíveis conquistas, só para vir aqui me odiar. Eu não entendo, não vale a pena. Não para você, para mim seu ódio até compensa, ele engaja essas redes ditas sociais.
Você me chama comunista, petista, me manda de volta a Cuba. Além de demodê, tão 2018, sua fala só prova que você não tem a mínima ideia de quem sou. Trazendo esclarecimento e munição para sua futura empreitada contra mim, saiba: não sou comunista, de fato, não sou. Você talvez se impressionaria com meu ímpeto por consumir sapatos de luxo. Devo ser mais capitalista que você, dado meus hábitos alimentares e os vinhos bons que guardo na adega. Petista, não sou também, aliás meu partido é o coração partido, como dizia Cazuza. Sobre Cuba, amado, nunca nem fui, como poderia eu voltar? Se for para ir, espero voo de primeira classe sem conexão, direto ao Caribe.
Te entrego essas informações para que num próximo ataque você possa prezar por mais qualidade e veracidade em suas ofensas. As que você tem usado não tem tido êxito, olho-as, leio-as, concluo que são inverdades sobre mim, te acho patético e desocupado, sigo minha vida.
Pode me odiar, eu deixo. Mas, odeie-me pelos motivos certos e reconheça-os dentro de ti. Aceite que você me odeia pois sou uma mulher negra ocupando um lugar de destaque na sociedade e que você não aceite estar numa posição onde os holofotes brilham sobre mim e você segue sob as sombras.
Me odeie porque com minhas palavras carregadas de realidade e dor mostro à sua namorada o lixo de ser você é e, sozinha, ela conclui que merece mais. Em minhas vírgulas entrego a ela mais prazer e dignidade do que ela jamais poderia encontrar ao seu lado.
Me odeie pois minha sexualidade e autoestima não carecem de sua aprovação e/ou aceitação. Elas fluem apesar de você. Num jardim cheio de girassóis, gozo na vida e enxergo luz plena, brilho junto ao sol.
Me odeie. Pode me odiar, eu deixo. Sinto daqui o cheiro da sua carne queimada pela raiva-brasa que você me lança, mas não me alcança. Churrasco de gente é o que exala no ambiente quando você constrói golpes contra mim. Sua pele queima no ódio descabido que arde em minha direção.
Creio que seu ódio de mim seja legítimo, talvez eu seja uma criatura odiável. Se o for, de fato, não ligo. Até vejo um tanto de vitória nisso. Não sei se quero agradar aquilo que tenho combatido há tempos. Você e tudo o que no seu corpo/ fala/ atitudes é representação do mal que já me atingiu.
Te olho, te vejo nos meus velhos medos. Na desesperança que me era companhia cotidiana, mas não é mais. Eu não quero e nem vou tentar te agradar. O que te entrego hoje é somente a ponta da minha lança banhada em veneno.
Cada crítica sua, minha ascendência sobe três degraus. Teu ódio é minha escada. Cada crítica sua, sou novamente coroada pelos meus ancestrais.
Eu sou rainha, você bobo da corte.