Tem vezes que me pergunto como a vida seria se tudo fosse diferente. O que estaria acontecendo agora se naquele 21 de abril de 2007 eu não tivesse feito o que fiz (por mais que não lembre o que tenha feito exatamente)? Será que existiu, nesses anos todos, algo que só aconteceu porque em determinado momento eu deixei de ir onde disse que iria, ou fui teimoso o bastante para ir contra o que todo mundo me alertava e deixei acontecer mesmo assim? Quem eu seria agora — o mesmo, ou alguém completamente diferente?
Mergulhei em textos na última semana para entender mais do que já sabia sobre a Teoria do Caos. Recentemente, aquela ideia de que o bater de asas de uma borboleta no Brasil poderia causar um furacão no Texas tem feito cada vez mais sentido. É o tal do efeito borboleta, onde uma situação pequena, por menor que seja, pode desencadear grandes consequências que fogem do nosso controle. Basicamente, é o mesmo que dizer que para cada ação, existe uma reação.
Esse efeito cascata fica mais palpável ao procurarmos qualquer exemplo prático. Na China, a Usina das Três Gargantas poderia prolongar a duração do dia em 0,66 microssegundos se operasse em sua capacidade máxima, em virtude da enorme massa de água que ela comporta. É algo pequeno, praticamente imperceptível, mas que, com o passar dos anos, prolongaria os dias de forma significativa. Soa semelhante à ideia de que uma gota a menos faria o oceano ser menor do que é — algo que talvez não faça diferença para ninguém, mas... E se uma gota fosse subtraída constantemente? Indo ainda mais longe na roleta dos questionamentos, e se todas as nossas reclamações fossem justificadas pela falta de movimentações que permitimos em nossas vidas? Até porque, outra coisa é certa: as coisas só acontecem quando nos movimentamos — parados, nada sai do lugar.
Sei que ninguém também nunca chegou em lugar nenhum vivendo à base de achismos ou de “e se?”, mas aqui a reflexão cabe porque serve como uma espécie de autocuidado, onde olhar para si traz de volta todas as vezes em que não fizemos o que poderíamos, fosse por medo, fosse por comodismo. No fim das contas, quem sabe tudo precisasse acontecer como de fato aconteceu porque, ao longo do caminho, alguma coisa tínhamos que aprender. Mas...
Aprendemos pra valer ou só procuramos justificativas?