Encontrei com o fracasso diversas vezes durante a vida. A última foi no mês passado, quando meus planos de anos saíram levemente fora de controle e me vi em um beco sem saída — sendo que a saída até existia, aliás, porque era só dar meia-volta e retornar para onde eu estava antes. Ali, até tentei comparar meu fracasso atual com fracassos anteriores, e então eu só me enterrei mais ainda no Buraco dos Fracassados (uma espécie de clubinho que inventei e existe na minha cabeça).
Antes de jogar a toalha e procurar outro caos para me estressar, percebi que eu só encontrei o fracasso todas as vezes que criei expectativas do contrário.
Que a minha psicóloga não leia este texto, mas existiu um momento onde eu pensava estar completamente blindado de qualquer contratempo, e que o sucesso seria apenas consequência. Depois de tanto planejamento, afinal, o que é que poderia dar errado?
Tudo, é claro. Porque a gente não tem controle sobre absolutamente nada (taí outra coisa que reaprendi e validei na terapia).
E deu. Deu bem errado. Uma meleca total. O prejuízo foi mais que financeiro: foi moral, sabe? Comigo mesmo. Foi como entrar em uma sala de reunião sabendo que você vai levar bronca do chefe, sendo que nesse caso o chefe era eu e o colaborador também. “Tem como me demitir de mim mesmo?”, pensei.
Fato é que me senti um palhaço. De frente para os meus próprios erros, quase ri porque eu sabia exatamente onde é que residia cada falha. “Faltou viver o processo, né?”, comentei comigo mesmo. E o meu outro eu acrescentou: “e faltou lembrar que do início ao fim do planejamento de um projeto, muita coisa muda... Não só os outros, mas a gente também”.
Saí da sala de reuniões sentindo o tapa na cara que eu mesmo tinha me dado. Até aqui, meu caminho esteve recheado de gurus alertando que “se você falha ao planejar, você planeja falhar”, e eu até concordo. Só faltou me avisarem que planejamento não é garantia de sucesso — teria doído bem menos, admito.
E longe de mim romantizar o fracasso. Aprendizado? Com certeza. Faz parte? Também. Mas que é uma m$r&@, isso sem dúvidas.
Então, só por hoje, vou me abster de uma “moral da história”. Tem fábula que é assim mesmo... Chega ao fim e a gente se pergunta: “acabou?”. Porque a vida é assim, cheia de reviravoltas que nos ensinam a sermos mais humildes e adaptáveis.
O fracasso pode ser uma escola, mas também pode ser uma lembrança de que a pretensão de ter controle absoluto sobre tudo é, na verdade, um convite ao caos. Aceitar isso é, em si, um ato de coragem. E talvez, no fim das contas, o verdadeiro sucesso esteja em aprender essa dança de passos meio tortos e de incerteza tão certeiras que vai nos levar sabe-se lá onde e sabe-se lá como.