Uma nova estrela está prestes a brilhar no céu.
Eu sei, a frase parece até um slogan de uma artista em fase de início de carreira. A verdade é que estou sendo literal: até setembro, poderemos avistar uma nova estrela se olharmos para cima. Até aí, tudo certo, já que uma média de 6 a 7 estrelas se formam anualmente. Entretanto, a notícia desta em específico fisgou minha atenção por um não-tão-simples motivo: precisou 3.000 anos para que pudéssemos vê-la no céu.
O fenômeno é raro, e a última explosão deste sistema estelar foi há 80 anos. Pensar que levaríamos um trio de milhares de anos para chegar até a estrela em questão faz termos certeza de que o universo é um infinito misterioso e surreal. Mais curioso ainda é se dar conta de que a estrela já explodiu há muito tempo, mas devido à distância, a sua luz só será perceptível agora. E foi exatamente essa informação — praticamente mágica — que tem me feito refletir ultimamente.
Lembrei de tudo aquilo que leva tempo para acontecer e visualizei diversas histórias que escutei em algum momento de vida. Lembrei da Coca-Cola vendendo apenas 25 unidades em seu primeiro ano e comparei com o que a marca é hoje. Aí pensei na falência de Walt Disney, cuja única companhia em seu escritório eram alguns ratos — justamente o incentivo para criar um dos personagens mais famosos do mundo. Também poderia citar as 12 negativas que o manuscrito de Harry Potter recebeu antes de vender 450 milhões de exemplares, a demissão de Steve Jobs da própria Apple e a única pintura que Van Gogh vendeu em vida.
Para brilhar, absolutamente tudo precisa de esmero. Porém, mais do que isso, é preciso também de tempo. Ninguém faz um bolo perfeito sem esperar o forno cozinhar os ingredientes. E se uma estrela precisou de 3.000 anos para que pudesse finalmente mostrar seu brilho, quão pretensiosos somos ao ansiar o sucesso imediato?
Viver no país mais ansioso do mundo torna a tarefa mais difícil. A pressa constante nos faz esquecer que o tempo é um aliado, não um inimigo. Assim como a nova estrela, cada sucesso extraordinário que conhecemos teve seu período de gestação, e a história nos ensina que ele envolve múltiplas tentativas, fracassos e revisões. O tempo, apesar de lento, é um parceiro vital no caminho para o brilho. É com ele que aprendemos que a persistência supera a urgência e que o verdadeiro valor reside na caminhada como um todo, não apenas no destino final.
Talvez este seja, então, o momento para refletir sobre nossas próprias jornadas, sem esquecer que é no encontro entre o esforço paciente e a passagem do tempo que surge a verdadeira essência do sucesso.