O volante Jean Irmer questionou: qual é a identidade do Juventude? O próprio jogador admitiu que o time não tem uma. E de fato, do grupo que caiu para a Segunda Divisão no ano passado, apenas Jean e Jadson permaneceram para a disputa da Série B. Ninguém melhor do que os dois para analisar tudo que vem acontecendo de errado no Alfredo Jaconi.
A reformulação completa do elenco, com 34 contratações somente em 2023, deveria dar uma nova cara ao time do Juventude. Mas o que se viu em campo até aqui, com os novos rostos vestindo a camisa alviverde, foram os velhos problemas de sempre.
Falta a definição de um modelo tático. Nem o cauteloso Celso Roth, nem o ofensivista Pintado extraíram o melhor de cada atleta. O trabalho de Thiago Carpini não será fácil para encontrar o equilíbrio da equipe. E mais do que isso, os jogadores também têm que assumir a responsabilidade. Na derrota para o Mirassol, o meia Nenê até tentou acalmar os ânimos e pediu para o time reagir ao gol sofrido no começo do segundo tempo, mas a resposta, outra vez, não veio.
Os atletas lavaram a roupa suja no vestiário, e os gritos se ouviam à distância. É bom que o grupo tenha líderes neste sentido para remobilizar o time. Mas subir o tom da voz pode dar certo uma vez, se o time sair derrotado no domingo em Chapecó, os efeitos de uma nova remobilização já não são os mesmos.
A cartilha para um novo descenso o clube já conhece e vem escrevendo novas páginas. Mas ainda há tempo para o Juventude evitar o pior se cada um assumir a responsabilidade e admitir que houve erros nas escolhas de treinadores, de formação de grupo e de preparo físico, com o excesso de lesões. O problema não é a Tia Maria.