Encerra-se nesta sexta-feira (29), às portas do Ano-Novo, a publicação da retrospectiva escrita por artistas, professores e intelectuais caxienses (nascidos ou que escolheram a cidade para viver). Eles escreveram sobre os destaques nas áreas do cinema, música, literatura, teatro, dança e artes visuais.
A convidada da vez é a Silvana Boone, coordenadora dos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais da UCS. Ela nos conduz pelos espaços de exposição da cidade, em um olhar retrospectivo, a fim de nos recordar dos destaques no campo das artes visuais em Caxias do Sul.
Boa leitura!
Nos revemos na semana que vem.
Feliz 2024!
*2023 nas Artes Visuais
Sempre gostei das listas de final de ano. Não para concordar ou discordar, mas para pensar criticamente sobre o que levou alguém a destacar A, B ou C. Umberto Eco no livro “A vertigem das listas”, explora a infinitude de quase tudo e afirma que há listas e listas. Para rever as artes visuais em 2023, pensei em uma lista...e percebi que não ia caber aqui: o ano foi muito rico para a arte local! Mas, em breves linhas, me coube destacar iniciativas, pessoas e lugares que, de alguma forma, fizeram a diferença.
Começo destacando duas mulheres das artes, empreendedoras incansáveis, cada uma dirigindo espaços expositivos com maestria: Mona Carvalho à frente da Unidade de Artes Visuais e seus projetos inclusivos que motivam o contato da comunidade com a arte, dando visibilidade ao Acervo Municipal de Artes Plásticas (Amarp) e democratizando a arte no Ordovás; e Mara Galvani, coordenadora da Galeria de Arte do Campus 8 da UCS, espaço expositivo e educativo entre artistas (regionais e nacionais), comunidade e estudantes de Artes Visuais.
Listei quatro exposições a partir de um critério e um dos papeis que a arte propõe: instigar o pensamento para além dos padrões estéticos institucionalizados:
-"Incubadora artística: 15 anos do Salão do Campus 8", na Galeria Gerd Bornheim, em janeiro, apresentou jovens artistas com formação acadêmica, alguns já com expressiva contribuição no cenário local.
- “Tessituras circulares”, da artista gaúcha Ana Norogrando, na Galeria de Arte do Campus 8 da UCS, em março, resgatou ícones da sua trajetória escultórica, reforçando o lugar dessa artista como uma das mais importantes no cenário da arte nacional e internacional(a artista hoje vive entre Brasil e Portugal).
- “Treze estandartes profanos e uma bandeira sagrada”, exposição do artista e historiador Juventino Dal Bó, no mês de maio, reuniu arte, literatura e sua coleção de guardados, além de destacar o Museu dos Capuchinhos como um espaço expositivo sempre atuante e atento aos artistas locais.
- Em julho, a exposição “Jardim de Roccas” da multiartista Cristina Lisot, na Galeria Gerd, amarrou a arte têxtil ao próprio corpo através de conceitos interdisciplinares, evidenciando que não há limites na arte contemporânea para as ligações entre uma linguagem e outra.
Para finalizar, um salve para a sequência do Projeto Mosaico na Quebrada, referência na cena urbana de Caxias com arte e inclusão social para além dos muros da cidade.
2023 foi um ano de pessoas, lugares e muita arte. Outras ações ainda poderiam ser “listadas” e deixo o meu respeito a outras iniciativas aqui ausentes, que fizeram da arte um presente para Caxias do Sul, saudando também o público como um consumidor qualitativo, tal como a arte vista por aqui.
* SILVANA BOONE é pesquisadora, curadora e crítica de arte. Doutora em História, Teoria e Crítica pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da UFRGS. É professora na Universidade de Caxias do Sul e atualmente coordena os cursos de Artes Visuais.