Para evitar perdas na safra de uva, a Vinícola Geisse, de Pinto Bandeira adotou, há cerca de três meses, um novo sistema antigranizo. Trata-se de um equipamento que emite ondas sonoras para dissipar as pedras de gelo. Com monitoramento constante, o "canhão" é acionado assim que a presença de nuvens carregadas é identificada e dispara uma espécie de jato capaz de dissolver o granizo.
— No nosso caso, a matéria-prima é absolutamente insubstituível por causa da denominação de origem (status conquistado em 2022). Não é uma questão de perder a uva e comprar de outro lugar. A gente nem pode fazer isso. O nível de qualidade da matéria-prima que a gente consegue aqui não tem como substituir por outro — destaca Daniel Geisse, proprietário da vinícola.
Embora a propriedade de 95 hectares, sendo 48 com vinhedos em produção, nunca tenha sido fortemente atingida por granizo, a direção resolveu investir no sistema para não se arriscar mais. Com eventos climáticos cada vez mais severos, a Geisse prefere prevenir, já que uma chuva de granizo pode representar não apenas a perda da safra atual, mas a seguinte.
Daniel não sabe precisar quantas vezes o sistema foi acionado nos últimos três meses, mas garante que foram várias. No sábado, por exemplo, o aparelho acionou repetidamente, segundo ele. Enquanto isso, na região de Rio Grande, houve registro de granizo.
Como funciona
A empresa espanhola Spag, desenvolvedora do sistema, faz o monitoramento das massas e dispara a onda sonora quando identifica a proximidade de nuvens de granizo. É como se fosse "um jato supersônico", diz Daniel. Segundo ele, a promessa é de uma proteção de 80 hectares, mas pelo acompanhamento feito por satélites, pode proteger uma área ainda maior.
— Ele tem se mostrado realmente eficiente pelo fato de não ter restrições relacionadas a questões ambientais. Agora, está se trabalhando numa questão de abafamento de som. Como a área é agrícola, o som se expande mais — diz Daniel, acrescentando que o sistema impede também que o núcleo da tempestade se fixe nas áreas protegidas, evitando vendavais tão fortes.
O sistema é utilizado pela fabricante de carros Renault, no Paraná, para proteger os automóveis nos estacionamentos. Na agricultura, segundo a Spag, a Geisse é a primeira no Brasil a adotar o sistema da empresa.
O investimento foi de cerca de R$ 500 mil. Além do aparelho antigranizo, a Geisse adquiriu da Spag um sistema de megaventiladores para controle de geadas. A vinícola costuma usar fogueiras para minimizar os danos.
— Talvez, se for necessário, pode ser que em algumas áreas ainda seja necessário (o fogo). Mas o novo equipamento vai ajudar muito e facilitar esse trabalho em caso de previsão de geadas — diz Daniel.