A Serra é a única região do país a ter duas Denominações de Origem (DO) para vinhos. Depois do Vale dos Vinhedos, Pinto Bandeira recebe a distinção que está acima das indicações geográficas já conquistadas por outras regiões do país que produzem a bebida. Com isso, torna-se também a primeira região brasileira a ter uma DO específica para espumantes. A notícia, aguardada após mais de um ano da entrega da documentação para reivindicar o posto, saiu nesta terça-feira (29) com a publicação na Revista da Propriedade Industrial.
Denominada DO Altos de Pinto Bandeira, ela abrange uma área delimitada de 65 quilômetros quadrados, nos municípios de Pinto Bandeira, Farroupilha e Bento Gonçalves. As variedades de uvas listadas na denominação são chardonnay, pinot noir e riesling itálico.
Entre as características geográficas e de clima, a altitude média da área delimitada para a DO é de 632 metros, com terrenos de relevo ondulado até montanhoso. As temperaturas são mais amenas, enquanto a exposição solar é favorecida pela localização da região na margem esquerda do Vale do Rio das Antas e pela boa circulação horizontal do ar devido à localização no alto de um dos patamares do planalto basáltico da Serra Gaúcha.
O presidente Associação dos Produtores de Vinho de Pinto Bandeira (Asprovinho), Daniel Geisse, destaca a importância do reconhecimento e seus efeitos práticos:
— Este registro se tratava de uma formalidade, pois o trabalho já estava sendo desenvolvido há muito tempo. Ele é importante para que seja possível exploramos o posicionamento de marca da região que propicia uma posição de destaque importante para o Brasil no mundo do vinho, pois se trata da única DO exclusivamente de espumantes do Novo Mundo — reforça.
Geisse acrescenta que se trata de um reconhecimento dos diferenciais de qualidade de terroir da região graças às condições especiais e privilegiadas para a produção de uvas para espumantes, algo difícil de se obter em outras regiões produtoras do mundo, mas que não é só isso:
— Cabe destacar que terroir vai além da qualidade das uvas nas parcelas de solo onde os vinhos são produzidos. Por isso, a DO reforça essa série de características naturais e humanas envolvidas no processo de elaboração desde a parreira até a garrafa. Também traz outras exigências de elaboração, como o método tradicional, ou seja, com a segunda fermentação sendo feita na garrafa e tempo superior a 12 meses de guarda.