Com forte geada e queda brusca de temperatura, que se aproximaram do 0°C na Serra gaúcha nos últimos dias, vinicultores em Pinto Bandeira utilizaram uma técnica com fogo para elevar as temperaturas nos vinhedos e evitar a perda da produção de uvas por causa da geada. No início da madrugada, os produtores acendem espécie de lareiras com serragem e pedaços de madeira em cerca de 50 latas por hectare, colocadas ao longo de toda a plantação, o que ajuda a manter a temperatura acima dos 2°C.
O enólogo Carlos Abarzúa, da vinícola Família Geisse, conta que, além das fogueiras, os produtores têm a ajuda de tecnologia para garantir o clima ideal. São máquinas que jogam ar quente no vinhedo, levadas por drone por cima das plantações. Segundo Abarzúa, já foram comprados ventiladores da Espanha para funcionar como cata-ventos, mas ainda não chegaram. Essa técnica já é usada há algum tempo na vinícola, pois, segundo o enólogo, já perderam produção em função da geada.
— Uvas precoces, principalmente chardonnay e pinot noir, são uvas que tiveram a plantação adiantada, devido ao tempo quente que houve em agosto. Mas com o frio e a geada, os brotos queimam. Portanto, é uma forma de controlar a geada. Com as fogueiras, conseguimos aumentar a temperatura em mais ou menos 2°C, que já é suficiente para nos salvar quando são essas temperaturas de 0°C ou -1°C.
Segundo o engenheiro agrônomo e técnico da Emater-RS, Ênio Todeschini, também é comum a utilização de tochas e fogo para controlar a temperatura quando há risco de geada.
— Funciona por meio da formação de fumaça que impede a fuga do ar mais quente — explica.