Adjetivos como autêntico, criativo e resiliente definem o caxiense Jônatan Cruz, nascido sob a égide do signo de Peixes, primogênito de oito irmãos. O filho de Nilcei de Oliveira Cruz demonstra sensibilidade para a arte e a moda desde cedo. Esse traço se desenvolveu ao longo dos anos até a conquista do diploma em Design de Moda pela Universidade de Caxias do Sul.
— A moda me fez sonhar. Foi o primeiro passo concreto na realização de um desejo que eu nutria desde criança — diz, refletindo sobre como essa paixão moldou, literalmente, sua vida e carreira — Ainda menino, brincava de desenhar e costurar roupinhas à mão para bonecas e estudar a área foi como uma escalada a partir desses passos, mas cada um deles me trouxe a grandeza de um meteoro — complementa.
Após sua graduação, Jônatan prosseguiu aprimorando suas habilidades com experiências internacionais que incluíram estudos em Dublin, na Irlanda, e pesquisas pelos vários cantos da Europa. Poético, ele descreve esse período como uma "dilatação do tempo", que lhe permitiu saborear cada aprendizado em sua plenitude.
— Foi um desenvolvimento pessoal e profissional muito enriquecedor, uma oportunidade de trabalhar arduamente e alcançar a excelência em cada detalhe — conta.
De volta ao Brasil, Jônatan mergulhou no cenário da moda local, inicialmente buscando seu espaço em um ambiente que, para ele, parecia restrito — Eu queria pertencer. Enxergava as limitações como oportunidades para ser visto, reconhecido e existir dentro desses recortes — compartilha. Hoje, ele fala com orgulho dos objetivos alcançados e das vitórias que ainda estão por vir.
Ao longo de sua carreira, Jônatan se destacou como stylist, especialmente em projetos de figurinos para campanhas publicitárias e filmes. Trabalhou em produções como "Diminuta", com Bruno Saglia, e "O Filme da Minha Vida", com Selton Mello, experiências que relata como transformadoras. Segundo ele, o stylist é a chave na construção de uma imagem de impacto, capaz de influenciar o surgimento de tendências. É o profissional responsável por criar uma estética, um storytelling e disseminar imagens, influenciando e desafiando a indústria de forma criativa com novos estilos e formas de compor um look.
— Aprendi que o figurino é uma linguagem própria, uma forma de comunicação não verbal que envolve cores, formas, texturas e volumes. E são muitos os profissionais envolvidos nessa produção artística — explica.
Seu estilo pessoal é minimalista, com preferência por tons claros e bege, e uma consciência ética que o leva a evitar couro e pele animal. Ele também é um defensor da moda sustentável, apoiando designers locais, pequenos empreendedores e promovendo uma abordagem circular à moda.
Para Jônatan, o sucesso pessoal é definido pela liberdade de experimentar, mesmo diante da inflexibilidade social.
— Sentir e ter essa liberdade é o que me faz feliz. Quero ser um novo eu, seguro dos meus passos — pondera. O desejo de constante reinvenção também se reflete em seus projetos futuros, como o sonho de desenvolver uma coleção de roupas que, segundo o designer, ainda precisa ser colocada no papel, mas já pulsa com a energia de algo que logo será realidade.
Ao ser questionado sobre como avalia a evolução do mercado de moda no Brasil, Jônatan ressalta as mudanças trazidas pelos últimos anos, especialmente com o impacto da Covid-19, e as oportunidades que surgiram com a ampliação do e-commerce e a integração do digital com o físico.
— O mercado evoluiu, e a moda brasileira, com sua diversidade, é um reflexo disso. Mas ainda precisamos de mais educação e sustentabilidade, especialmente em relação à emergência climática — pensa.
Com perspectiva para o futuro, Jônatan espera contribuir para a moda, seja como referência profissional ou como fonte de inspiração para aqueles que se identificam com suas vivências.
— A moda me deu esperança, me alçou a um lugar para ocupar na minha história, e é isso que quero compartilhar com o mundo — relata — Meu trabalho é uma expressão de quem sou, e se posso inspirar alguém, já valeu a pena.
Recorte:
- Um momento de que me orgulho: Ter aprendido a dizer eu te amo para minha mãe.
- Palavras-chave para fazer moda: making of, trend, fashion e shooting.
- Gostaria de ter sabido antes... que não há nada de errado em ser uma criança diferente.
- Meu lugar favorito é... dentro de mim mesmo.
- Quem me inspira: minha mãe.
- Um livro: Stonewall, A História Definitiva da Rebelião LGBTQ, de David Carter, para compreender sobre a rebelião em 1969, considerada um marco no movimento pela minha comunidade e nossos direitos.