O caminho do essencial!
A médica Jaqueline Taschetto é uma persona brilhante na vida pessoal e profissional. Dona de um carisma que encanta a quem convive com ela, a filha de Maria Joana Galina Taschetto (in memoriam) e Romeu Taschetto, pauta seu trabalho com foco nas áreas de medicina ocupacional e preventiva dos colaboradores da Marcopolo S/A, fazendo a gestão da saúde de forma integrada. Casada com o também médico José Francisco “Tito” Balen, é mãe de José Victor e João Pedro Balen. Graduada em Medicina pela UCS com especializações em Geriatria pela PUCRS e Medicina do Trabalho pela UFRGS, Jaqueline é exemplo de empatia.
Qual sua lembrança mais remota da infância e que sabor te remete a essa época? São de uma época simples, vivida no interior. Lembro, com saudade gostosa, das refeições servidas pela minha mãe, tudo elaborado com muita atenção e carinho. Com ela aprendi que a felicidade tem gosto e cheiro e que o sabor inicia pelos olhos. Também lembro com afeto da casa da minha avó. E ao pensar em um momento de paz, vem à minha mente uma cama limpa, cheirosa e fofa, assim como lembro da minha infância.
Se tivesse vindo ao mundo com uma bula, o que conteria nela? Alegria e força.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? O nascimento de meus dois filhos. Título: Maternidade é muito mais que amor - para ser mãe por inteiro é preciso aprender a respeitar, perdoar e pedir perdão.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Com certeza gostaria de voltar mulher novamente. Admiro a força, a coragem e a determinação de muitas mulheres, porém destaco: minha mãe, Maria Joana (1941-2010); Elizabeth Blackwell (1821-1910); Madre Tereza de Calcutá (1910-1997); Margaret Thatcher (1925-2013) e a Princesa Diana Spencer (1961-1997).
Por que escolheu a medicina como profissão? Gosto muito de estar com pessoas e a medicina permite essa integração. Penso também que tive interferência e exemplo forte do meu pai, também médico, pois admiro muito o trabalho dele.
É possível definir objetivamente o que é ser uma boa médica? Resumidamente, é preciso ser uma pessoa ética, dominar a técnica e gostar do que se faz.
Como se mantém atualizada durante as mudanças no setor? Até o início da pandemia, participava de congressos anuais de atualização de forma presencial e agora online. Procuro sempre conversar com colegas da área, trocar ideias, experiências, ler muito e conhecer o que os outros países estão produzindo.
Nestes anos de profissão, houve algum momento crítico em que foi preciso superar barreiras? Acho que o momento atual é desafiador, cheio de incertezas e inseguranças, mas também de muito aprendizado. As pandemias se caracterizam pelo caos social e pela mudança de comportamento. Precisamos nos reprogramar, encontrar novos significados, reconfigurar parâmetros, redefinir metas e aprender novas formas de convivência. No caso do Covid-19, a rápida disseminação de informações sem discriminação do que é verdadeiro e factível, daquilo que é falso ou não comprovado, nos deixa ainda mais vulneráveis. O fato é que percebemos que um vírus, apesar do tamanho microscópico, pode ser maior do que nós.
Quais perspectivas vislumbra para os futuros profissionais da área? Que conselhos daria a estas pessoas? Como a saúde é uma questão prioritária, o atendimento médico nunca deixará de existir. Não podemos permitir que o aumento significativo dos cursos de medicina nos últimos tempos altere a qualidade na formação dos médicos. Medicina focada na prevenção, conhecimentos em tecnologia, empatia, networking, capacidade de adaptação, são alguns fatores importantes e que nos levarão a um atendimento médico mais humanizado.
Que lições tem tirado do exercício da profissão em meio à pandemia? Aprender, desaprender e reaprender novamente, como falou Alvin Toffler.
Quais os desafios em liderar um setor de saúde que atende a tantos funcionários da Marcopolo? Um dos grandes desafios é lidar com uma série de fatores sobre os quais ainda não existe resposta ou controle. A OMS anunciou que as doenças mentais, principalmente ansiedade e depressão, foram as que mais incapacitaram profissionais do mundo todo em 2020. Então, devemos estar preparados para liderarmos nossas equipes diante dessa instabilidade emocional. Liderar nesse momento é acima de tudo permanecer motivado, evidenciando o melhor das pessoas, mostrando que todos somos importantes, criando laços de confiança, humanização e respeito.
O que é essencial para uma boa qualidade de vida? Um bom gerenciamento das emoções.
Como alguém engajada com entidades e projetos sociais, que lições pode compartilhar sobre trabalho em equipe? Gosto de citar uma frase de Ayrton Senna que muito me inspira: “Eu sou parte de uma equipe. Então, quando venço, não sou eu apenas quem vence. De certa forma, termino o trabalho de um grupo enorme de pessoas”. A verdade é, ninguém faz nada sozinho, precisamos ter consciência do valor da contribuição do outro.
Quem foi, ou é, sua grande influência? Meus pais e meus filhos.
O que gosta de fazer no tempo livre? Adoro cozinhar para a família. Meu marido, Tito, é o degustador oficial.
Traço marcante de sua personalidade? A motivação.
Gostaria de ter sabido antes... ouvir antes de falar.
Uma qualidade... generosidade.
Um defeito... imediatismo.
A melhor invenção da humanidade... anestesia e penicilina.
Um hábito de que não abre mão... tomar café (muitos ao longo do dia).
Qual a palavra mais bonita da língua portuguesa? Vacina.
Livro de cabeceira... no momento, Jardim de Bolso, do meu amigo escritor e filósofo caxiense Gilmar Marcílio.
Uma palavra-chave: empatia.
Qual a primeira coisa que vai fazer quando a pandemia passar? Uma grande aglomeração, com muitos brindes e abraços.