Ao observarmos o chef Franco Gioelli no ato de cozinhar inspirado pelos grandes mestres que o antecederam, não imaginamos como foi sua trajetória até ali. Natural de Alba, cidade italiana da região do Piemonte, o filho de Angela Gavarino e Giovanni Gioelli, aos 14 anos de idade ingressou no Istituto Professionale di Stato, onde iniciou sua jornada na defesa de um ideal genuinamente nobre: a gastronomia.
— Vivíamos no interior da Europa. Recordo de muitos sabores marcantes, mas entre os que mais tenho saudade estão o cheiro do bosque durante o outono e os dias em que produzíamos salame, lardo e pancetta — lembra Gioelli, enquanto discorre sobre sua infância lúdica em meio à natureza.
Em sua trajetória, ele conta que teve passagens por cozinhas na Suíça, onde compartilhou o ambiente com o agora amigo e colega, o chef espanhol Pedro Alonso, e ao retornar à Itália, começou uma experiência com o chef Giorgio Rocca, que possuía uma estrela no conceituado Guia Michelin pelo menu assinado no restaurante Felicin. Por lá, Franco conta que aprendeu a verdadeira culinária italiana, a qual utilizou-se para abrir seu primeiro restaurante, a Osteria Veglio.
— A tarefa da gastronomia também é nos orgulhar — fala o cozinheiro.
Entre forno e fogão, com a tarefa de capitanear uma equipe e orquestrar definitivos banquetes, Franco conheceu sua esposa, Daniela Accorsi Piletti, natural de Bento Gonçalves, na época estagiária em sua cozinha na Itália e com quem, hoje, constitui uma família com dois filhos, Emanuela e Pietro.
— Com a chegada na Serra gaúcha, sinto que pouco mudou na paisagem. Tenho a sorte de estar em uma região muito parecida. O que mais pesa é a distância da família — diz Franco.
Já no Brasil, o conhecido chef foi convidado a integrar o time de cozinheiros da Escola de Gastronomia da UCS/ICIF, em Flores da Cunha, que nesta semana completou 17 anos de fundação, sendo 11 deles sob a batuta de Franco.
— Sobre a gastronomia daqui, considero uma das mais interessantes e rica em variedades. Nos últimos 20 anos mudou muito, e não vai parar por aí. Precisamos de jovens profissionais dedicados para que esta região maravilhosa ganhe ainda mais destaque —conta o chef ao repensar a culinária e dar dicas aos acadêmicos.
Assim como em um de seus filmes favoritos, A Festa de Babette, dirigido pelo premiado roteirista dinamarquês Gabriel Axel, e que, em resumo, conta a história de uma cozinheira que, ao servir suas melhores receitas durante um jantar não pode receber nenhum elogio por suas criações e, nem por isso deixa de desempenhar um papel brilhante, Franco segue com seu fazer culinário sincero e repleto de afeto, sem precisar de afagos à autoestima. Seu famoso Ravioli del Plin e seus pães de fermentação natural, que levam expressivo público até a Escola para apreciarem as iguarias, são exemplos disso. O chef já viu, inclusive, seu trabalho ganhar visibilidade em grandes publicações mundo à fora, como o caderno de viagens do The New York Times, a brasileira Revista Gula e a italiana Style Magazine, tamanho seu talento.
Assim, cozinhar tornou-se uma grande paixão para Franco e que ele perpetua em sala de aula. Dos temperos que fazem seu coração vibrar de felicidade, figuram ingredientes típicos da região onde nasceu: azeite de oliva e sálvia.
— Espero mudanças, onde a qualidade vence a quantidade, para ter um futuro melhor, não só na gastronomia mas nos hábitos também — finaliza o celebrado chef Franco Gioelli.