Castelo de pedra
A arquiteta caxiense Sandra Pergher, filha de João Antonio Pergher e Honorina Muraro Pergher (in memoriam) sempre foi dona de uma personalidade curiosa e questionadora. Pós-graduada em Design Estratégico, ela busca unir a arte ao seu fazer arquitetônico. Casada com Gustavo Feijó, Sandra defende a sustentabilidade e a brasilidade nos projetos que executa.
Qual sua lembrança mais remota da infância? As idas ao interior para visitar parentes, no caminho, ao avistar pedras brilhando contra o sol, pedia ao meu pai para parar o carro e recolher aquelas “preciosidades”. Elas me fascinam e foi assim que comecei a colecionar minerais.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? Tive muitos momentos na vida, citar um em especial seria ignorar o que sou, pois tudo faz parte de mim. Se fosse um livro, teria o título: Curiosidade e Persistência - In Process.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Coco Chanel, uma mulher a frente de seu tempo.
Onde busca equilíbrio e harmonia, seja no ambiente profissional ou pessoal? Busco equilíbrio e harmonia em minha casa com as pessoas que são minha vida, com meus pets. Como aderi ao home office para além da pandemia, minha casa também é meu ambiente de criação e produção. Gosto também de viajar e ver coisas novas, é preciso se desconectar e ver o que há por aí.
Qual sua primeira produção como arquiteta profissional? O projeto de um edifício residencial familiar, senti bastante responsabilidade naquele trabalho, pois estava formada há apenas alguns meses, tinha que dar certo, pois seria um grande edifício em nossa cidade.
Como se caracteriza o design que desenvolve? Existem elementos que definem a tua assinatura? A busca consonância entre a arte e o design. Objetos atemporais, elementos naturais e orgânicos como pedra, madeira e metal. Elementos esses que possam expressar a sua natureza bela, por si só.
Quais conselhos daria para quem quer ingressar nessa profissão? Amar a profissão, entender que nem tudo é só criação, tem o lado racional e técnico, uma profissão que necessita equilibrar funcionalidade com encantamento. Ser ousado e criativo e ao mesmo tempo ponderado e funcional.
Qual foi o projeto de maior desafio? E o que te trouxe maior satisfação ao concluir? Todos projetos que fiz foram desafiadores de alguma forma, cada um na sua proporção, e ao conseguir vencer o desafio, seja pequeno ou grande, vem uma satisfação e a certeza de que escolhi a profissão certa.
Como vislumbra a cena de arquitetura contemporânea no Brasil? Tenho acompanhado poucos novos arquitetos, mas, vi alguns trabalhos muito interessantes, que sempre pensei em fazer, como por exemplo unir o verde ao edifício. Ainda não vejo a arte unida a novos projetos, sinto falta de coisas diferentes, me parece que a linguagem está bastante repetitiva.
Um projeto dos sonhos? Meu projeto de diplomação, que na época até foi selecionado para um concurso nacional de formandos em arquitetura, chamado de Ópera Prima. Se trata de um um espaço de diversão e arte.
Acredita em casa ideal? Como é a sua? A casa ideal é a que temos, cada um com seus desejos e particularidades, mas, o mais importante é como nos sentimos nela. Nossa casa é onde procuramos aconchego, um escudo de proteção físico e mental. A minha casa ideal está em constante mudança, com minha inquietude e curiosidade, não poderia ser diferente.
Qual foi o último achado para sua casa? Uma natrolita, mineral lindo e bem raro, para agregar na minha coleção.
Casa boa precisa ter... praticidade, materiais de alta durabilidade, eficiência energética, muito verde, encantamento, aconchego e amor.
Um ícone da arquitetura e um do design... vou citar alguns arquitetos que produziram também peças icônicas de design, como Gaudí, Le Corbusier, Oscar Niemeyer, Zaha Hadid e Toyo Ito - este último tive uma grande oportunidade de conhecer pessoalmente na Itália.
Qual obra de arte gostaria de ganhar ou comprar? Adoraria ter uma peça do artista caxiense Sergio Lopes, cada nova fase de sua obra me surpreende ainda mais.
Uma peça de design atemporal: sofá TOGO, criação do designer francês Michael Ducaroy, em 1973, para a Ligne Roset.
Um ambiente equilibrado é aquele... que transmite paz, conforto e bem-estar.
Qual a importância do design como fator de identidade de um povo, de uma cidade? Vivemos em um mundo altamente globalizado, o que identifica um povo, muitas vezes já não é algo de apelo comercial. A função do design é resgatar essa identidade unida a uma visão global para criar algo que tenha viabilidade comercial e que represente o meio que está inserido.
Livro de cabeceira: Mulheres que correm com os Lobos, da estadunidense Clarissa Pinkola Estës e A Nova Cultura do Desejo, de Melinda Davis.
Filme para assistir inúmeras vezes: muitos filmes, mas, um que não é muito antigo nem muito novo, que para mim foi uma obra prima de fotografia, direção e atuação e sobretudo um filme emocionante que me fez refletir muito foi As Aventuras de Pi, do diretor Ang Lee.
Quais músicas não saem da sua playlist? Tenho escutado bastante Zaz - trazendo em sua versão um ar contemporâneo, para músicas de quem também adoro como Édith Piaf, entre outras intepretações e composições próprias. Hoje busco sonoridades mais leves, já passei da fase que adorava The Smiths.
Um objeto de desejo: minerais! Cada um é mais lindo que outro, colecionadores enlouquecem.
Fontes de inspiração? Natureza - essa é a fonte de toda minha inspiração - sempre!
Uma palavra-chave: persistência.