A construção do ser!
Nicole Brugali, nascida e criada em São Marcos, filha de Aldinha Maria Ballardin Brugalli (in memoriam) e Auri José Brugalli, é arquiteta e urbanista, graduada pela Universidade de Caxias do Sul, em 2005. De lá para cá, sempre atuou por conta própria em seu escritório. Nicole revela ser muito prática, objetiva e prioriza a funcionalidade em seus projetos. A estética é uma consequência. Determinada e pronta para o que der e vier, busca sempre sua melhor versão, como pessoa e como profissional. Traz consigo nesta trajetória os valores abarcados em casa, na família com os ensinamentos e diálogos. Ter fé, ser humilde, leal e espalhar a dinâmica do amor são itens prioritários.
Qual sua lembrança mais remota da infância e que sabor te remete a essa época? Acredito que a minha geração teve a melhor infância, brincadeiras com os amigos da escola, reuniões de família e em especial o meu passatempo preferido, fazer casinhas para minhas bonecas. Um sabor? Melância, que minha avó Beatriz Trevisan Ballardin (in memoriam) sempre me chamava para comer.
Qual a passagem mais importante da tua biografia e que título teria se fosse publicada? Difícil responder essa, mas o falecimento da minha mãe, quando tinha 13 anos, fez com que aprendesse muito cedo que a vida não é fácil e deve ser aproveitada e vivida com honestidade, resiliência, força, coragem, fé e amor. O título dela seria “Vai que dá!”
Quais conselhos daria para quem quer ingressar nessa profissão? A arquitetura exige muito mais do que o conhecimento técnico. A capacidade de compreender os desejos e sonhos dos clientes, especialmente nas palavras não ditas, é um desafio. Meu conselho é que trabalhem o lado humano da ciência exata.
Qual sua primeira produção como arquiteta profissional? Foi uma casa de 42m², em São Marcos, no mesmo ano em que me formei. O mais interessante disso, é que no fim de 2020, fui chamada para fazer a reforma e ampliação desta mesma casa, transformando e adequando a residência para a nova realidade da família. Um sentimento muito recompensador.
Como vislumbra a cena de arquitetura contemporânea no Brasil? Acredito que a arquitetura esteja chegando em mais pessoas e tomando a importância que ela realmente tem. Vejo um futuro onde ela deixa de se tornar “luxo”, para simplesmente ser o que é: uma ciência com a capacidade de mudar vidas.
Como a arquitetura e a arte impactam a vida das pessoas? Ambas proporcionam sensações, promovem emoções. Elas influenciam diretamente na vida das pessoas, quando transformam em realidade os desejos e os sonhos. É qualidade de vida! A arquitetura é a mais humana das ciências exatas.
E quais foram seus primeiros trabalhos que lhe garantiram projeção e visibilidade? As Mostras Casa & Cia, em 2008 e 2014, elevaram a visibilidade e me colocaram no mercado regional. Porém, cada trabalho é especial e não posso citar apenas um. Minha forma de colocar todo meu empenho pelo melhor para o cliente, faz com que a minha projeção profissional tenha sido gradativa e sólida.
Acredita em casa ideal? Como é a sua? Cada um tem a sua, e por isso, aquilo que comentei no início é tão importante. Precisamos compreender qual o desejo do cliente, o que é bom e importante para ele. A minha casa ideal, ainda sonho com ela, mas ela é térrea, sem degraus, acessível, arejada, clara e cheia de vida.
Qual foi o último achado para sua casa? Meus pássaros de porcelana!
Casa boa precisa ter... alma!
Um ícone da arquitetura e um do design... Frank Lloyd Wright e sua “Casa da Cascata”! Uma integração perfeita entre a arquitetura de Deus e dos homens.
Como exercita a criatividade estando em casa, na quarentena? Tenho trabalhado em home office, desde antes da pandemia, então, estou bem adaptada a isso. Não tenho nada em especial, apenas saio para caminhar quando o dia não foi muito produtivo, aí, no dia seguinte, tudo flui.
Uma peça de design atemporal: poltrona Charles Eames. Ela é exemplo de design perfeito: funcionalidade, estética e ergonomia.
Um ambiente equilibrado é aquele... em que você se sente bem.
O que não pode faltar em uma casa e em um escritório? Plantas! Elas renovam as nossas energias e nos lembram de que existe um mundo lindo lá fora!
Qual a importância do design como fator de identidade de um povo, de uma cidade? Temos exemplos muito ricos disso na nossa região. O design nem sempre é algo distante, pelo contrário, ele está no nosso dia a dia. Quem de vocês não conhece a “Sportola”, aquela bolsa retangular, usada na colônia para levar o lanche e tudo mais, feita com dressa (trança de palha) executada pelas nonas desde a chegada dos imigrantes italianos na nossa região? Eis um perfeito exemplo de como o design é fator de identidade de um povo.
Como se caracteriza o design que desenvolve? Existem elementos que definem a tua assinatura? Não acredito que tenha uma assinatura. Sempre busco dar a identidade dos clientes nos projetos. Mas priorizo a funcionalidade.
Qual foi o projeto de maior desafio? E o que te trouxe maior satisfação ao concluir? Foi incrível! Fui contratada por uma empresa de Brasília-DF para fazer um layout para o escritório novo da Delegação da União Europeia no Brasil. Um desafio e tanto! Foi o que me trouxe mais satisfação quando ouvi do Secretário Geral da Delegação, na sede atual, ao final de minha apresentação, que o projeto estava “igual a sede de Bruxelas”. Foi uma experiência sensacional.
Onde busca equilíbrio e harmonia, seja no ambiente profissional ou pessoal? Na natureza! É sempre nela que busco me equilibrar.
Livro de cabeceira: qualquer um do Augusto Cury.
Filme para assistir inúmeras vezes: Divertida Mente! Uma aula sobre as nossas emoções e a influência delas na nossa vida!
Quais músicas não saem da sua playlist? Sou muito eclética, mas amo MPB (das antigas).
Um objeto de desejo: uma caminhonete 4X4, off-road, grandona! Para poder andar por aí, apreciando a obra do Grande Arquiteto, sem medo de atolar!
Fontes de inspiração? A própria vida é uma inspiração. Ela nos apresenta os problemas e as soluções.
Uma palavra-chave: resiliência
Lugar preferido em casa? Adoro minha casa, mas tem um cantinho, com minha Nossa Senhora, minhas plantas e pássaros de porcelana que eu amo.