Criar, a palavra de ordem!
O papel e a caneta sempre foram muito importantes para Wagner Pozebon da Silva, nossa persona do dia. Desde pequeno, o filho de Jurandir da Silva e Ivonete Pozebon da Silva, sempre teve uma vocação para criar e transformar, tanto que modificava seus brinquedos, pintava a bicicleta e desenhava marcas para os carrinhos de rolimã. Hoje, continua no ofício com a mesma emoção e empolgação de sempre. Formado em Design de Produtos pela Universidade de Caxias do Sul, Wagner é o diretor criativo de sua marca autoral, o ateliê Volátil, que preserva o feito à mão em estampas de camisetas e artefatos de madeira, como o skate.
Qual sua primeira produção como designer profissional? Foi no tempo em que trabalhei no Grupo Brinox, onde desenvolvi um aparelho de fondue que seria lançado especialmente no dia dos namorados. Foi uma virada de chave ver um produto que havia desenhado sendo usado por casais apaixonados por todo o Brasil, inclusive comentando o quanto tinham gostado muito dele, foi uma experiência incrível.
Como se caracteriza o design que desenvolve? Existem elementos que definem a tua assinatura? Acho que o que mais me define hoje é a característica nítida de “feito a mão”. Gosto de deixar isso bem explícito em cada peça que produzo.
E quais foram seus primeiros trabalhos que lhe garantiram projeção e visibilidade? Depois que criei a Volátil, minha marca autoral, pude conhecer muitas pessoas e produzir peças que sempre tive vontade de fazer. Uma das coisas que fiz que mais me rendeu um “reconhecimento”, digamos assim.
Qual foi o projeto de maior desafio? E o que te trouxe maior satisfação ao concluir? Já passei por muitos projetos com dificuldades técnicas, mas um dos que mais me desafiou psicologicamente foi o desenvolvimento da primeira coleção de camisetas da Volátil e o e-commerce. O projeto que mais me deixou feliz no final foi o skate número 1. Era algo que já imaginava fazer, mas quando vi a primeira peça pronta, me encantei.
Onde busca equilíbrio e harmonia, seja no ambiente profissional ou pessoal? A meditação é uma boa forma de olhar para dentro e refletir sobre si, sobre como ser uma pessoa melhor e como ter a alma leve. É uma das mais antigas técnicas de equilíbrio, e no meu caso, tem funcionado.
Acredita em casa ideal? Como é a sua? Acredito que a casa ideal é aquela que te proporciona bons momentos, onde se pode amar sem medo. Não precisa ser a mais moderna ou mais bem decorada, o que é realmente necessário é o bem-estar. Acho imprescindível que a casa tenha um espaço com sol e uma boa ventilação, isso sim é uma das coisas mais importantes. A minha casa é simples, mas tem tudo isso, sol, ar, espaço para amar e com bastante bem-estar.
Qual foi o último achado para sua casa? O último que me apaixonei foi uma poltrona baixa de madeira curvada (estimo que tenha entre 20 e 30 anos) que achei no depósito da tornearia do avô da minha namorada, Ana Clara Schüler. Ela estava completamente acabada e com algumas peças quebradas. Foi um dos meus passatempos da quarentena reformá-la e dar vida novamente.
Um ambiente equilibrado é aquele... que respeita as diferenças, abre um espaço para o diálogo, sem rótulos nem restrições. É aquele lugar em que você pode ser espontâneo o tempo todo.
Um ícone da arquitetura e um do design... um arquiteto que admiro muito e que também era designer é o Jorge Zalszupin, que desembarcou no Brasil em 1949 com uma moto com placa de Paris, um armário com fundo falso cheio de perfumes franceses e um diploma romeno de arquitetura, foi insano. Dos designers mais icônicos do Brasil, o Sérgio Rodrigues. É muito fácil identificar quando uma peça foi pensada por ele, isso eu acredito ser um ícone.
Existe algum designer cuja obra influencia teu trabalho? Geralmente eu busco referências de design em profissionais que admiro, cada um com sua habilidade específica. Tenho um referência para design gráfico, uma para design de produto, uma para ui/ux, e por ai vai. Mas um dos que mais me inspira é o alemão Dieter Rams, que é um designer industrial ligado à marca Braun. Um dos melhores que já existiu.
Qual a importância do design como fator de identidade de um povo, de uma cidade? O design tem a capacidade de conectar as várias partes que compõem a cultura de um lugar. A arte, as músicas e danças, os rituais, tudo pode ser amplificado e compartilhado por meio do design. O design tem o poder de explicar através de sutilezas a história de um povo e tudo o que o representa.
Um projeto dos sonhos? O projeto mais audacioso e o que mais viajo quando começo a pensar é uma casa de campo, daquelas com um espaço bacana para tomar um vinho em frente à lareira.
Uma peça de design atemporal: uma das peças mais versáteis que consigo imaginar é a cadeira Eames Molded Plastic, produzida em 1948, é linda e combina com quase todo ambiente.
Qual obra de arte gostaria de ganhar ou comprar? Ai volto ao Sérgio Rodrigues, a poltrona Mole é um dos meus desejos mais antigos, acho ela incrível.
Livro de cabeceira: atualmente tenho uns cinco dos mais variados temas que estou lendo simultaneamente. Política, religião, história, astronomia, misticismo. Mas um dos últimos que mais me afetou positivamente e transformou a forma como enxergo a vida foi “A Erva do Diabo”, do antropólogo e escritor peruano Carlos Castañeda.
Se pudesse voltar à vida na pele de outra pessoa, quem seria? Não me considero ser de nenhuma religião definida, embora esteja lendo sobre várias o tempo todo, então gostaria muito de ter sido alguém que teve contato direto com Jesus, mas não como algo formal, alguém que pudesse conversar com ele despretensiosamente, como um “amigo de bar”.
Filme para assistir inúmeras vezes: a trilogia do Poderoso Chefão, do diretor Francis Ford Coppola e estrelado por Marlon Brando, é incrível.
Quais músicas não saem da sua playlist? Praticamente todas de The Black Keys.
Um objeto de desejo: o Porsche 911 Custom by Singer Garage.
Fim de semana é bom para... descanso, viagens, churrascos e curtir a natureza.
Um cheiro bom: mar nas primeiras horas da manhã.
Lugar preferido em casa? Cozinha.
Uma estação do ano? Inverno.
Não vivo sem: interações com outras pessoas.
Um pequeno prazer: acordar cedo naturalmente e tomar um mate no sol lendo um bom livro.
Uma palavra-chave: a mais forte e mais incrível de todas, AMOR.