Gilmar Marcílio
Quem já não ouviu falar dos onipresentes algoritmos? Muitos veem nesse invento tecnológico uma revolução do conhecimento humano. Você digita no Google a palavra “gastronomia”, por exemplo, e daquele momento em diante passará a receber inúmeros links relacionados ao assunto. É uma maravilha e uma chatice. Ok, um bom tempo foi economizado, porém seu interesse não se restringe unicamente a isso. Mas o danado insiste: tudo passa a girar sobre o seu universo alimentar. E aí está o grande problema, haveremos de concordar. Se, por um lado, essa ferramenta é um facilitador, reduzindo drasticamente a busca em um universo de informações que se multiplica exponencialmente, por outro, termina nos direcionando para um mundo monolítico, criando uma espécie de bolha, um casulo. O encantamento passa e é rapidamente substituído pela irritação, pois mesmo variando seu cardápio, ele insistirá em lhe mostrar algo análogo. Os serviços de streaming são campeões nisso. Basta ter assistido a meia dúzia de filmes e séries de suspense e você jamais se livrará de uma penca de sugestões semelhantes. Como se pretendesse passar seus próximos dez anos apreciando exclusivamente esse gênero cinematográfico.
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