Gilmar Marcílio
Na semana que findou, cometi dois erros prosaicos. Desses facilmente contornáveis. Porém, fiquei muito incomodado. Tentei esconder o quanto pude o ocorrido. Depois, refletindo, dei-me conta do grau absurdo de cobrança que tenho sustentado ao longo dos anos. E certamente acabo projetando-o sobre os que convivem comigo. Como consolo, percebo isso ter se tornado comportamento recorrente nos nossos dias. Estamos sendo afetados por exigências extremas em relação ao que nos cerca. Toleramos mal qualquer miudeza que nos desvie de algum ideário traçado inicialmente. Resultado inequívoco de sociedades afeitas a entronizar a perfeição como absolutamente inquestionável. E, no entanto, ensinam-nos todos os sábios, o caminho da aprendizagem passa, necessariamente, por rotas imprevistas. Um pouco de tolerância fará baixar nossas expectativas. E, consequentemente, a frustração ocupará espaço diminuto. É difícil acolchoar tudo, impedindo colisões mínimas, da ordem do humano. O empenho e a dedicação parecem ser insuficientes, ficando aquém das esperanças nutridas. Manter o conceito de infalibilidade é estrada espinhosa, que gera ansiedade e decepção.
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