O jornalista Henrique Ternus colabora com o colunista Ciro Fabres, titular deste espaço.
Enfim, José Ivo Sartori (MDB) disse “não” à possibilidade de concorrer em outubro. A decisão, já esperada nos bastidores, veio antes da Festa da Uva – o ex-prefeito e ex-governador costuma dizer que as decisões eleitorais em Caxias ocorrem depois do evento. Desta vez, Sartori se antecipou e abriu caminho para que o MDB trabalhe com novas alternativas: o mais provável será uma candidatura própria, com o nome do vereador Felipe Gremelmaier. Há quem diga, há algum tempo, que os emedebistas devem indicar o vice para uma chapa com o prefeito Adiló Didomenico (PSDB), mas, no momento, é uma possibilidade descartada pelo partido, ao menos oficialmente.
O certo é que a decisão influencia em todo o cenário. O presidente do PSB em Caxias, vereador Zé Dambrós, dizia que Sartori era “unanimidade na cidade”, e saiu “otimista” de reunião na última semana entre MDB, PSB e PDT. Com a decisão do ex-prefeito, os socialistas terão que retraçar a rota.
– (A decisão de Sartori) Muda muito, e isso nós vamos ter que discutir de novo com a executiva. É muito recente, daqui a pouco tem até mais opção. Podemos indicar um nome à majoritária, por que não? Não temos uma sangria, não temos uma data, vamos continuar ajudando o Governo Adiló. A bola veio para o meio do campo de novo – disse Dambrós.
Neste momento, o caminho provável do PSB é seguir ao lado de Adiló – ideia que não é unanimidade no partido.
Caminho aberto para o PDT
A decisão de Sartori impacta também no PDT e na frente de partidos da centro-esquerda. A preferência do PDT era pela reedição da chapa com Sartori e Alceu Barbosa Velho (PDT), que venceu a prefeitura em 2004 e 2008, mas o partido sempre deixou claro aos emedebistas que uma aliança dos dois partidos só sairia com o nome de José Ivo como candidato. Sem o “plano A”, os pedetistas voltam as atenções para a segunda opção: a composição com o PT, cuja pré-candidata é a deputada federal Denise Pessôa.
Na semana passada, após encontro com Denise e o deputado estadual Pepe Vargas (PT), Alceu confirmou que tinha um compromisso com o MDB caso Sartori fosse candidato. Agora, sem ele, o caminho está aberto para que a chapa Denise-Alceu, ventilada há algum tempo, seja concretizada. O presidente pedetista, vereador Rafael Bueno, diz que “não existe outro caminho” para o partido, e quer Alceu como candidato, seja a prefeito ou a vice. O ex-prefeito, entretanto, mantém a cautela.
– Lá atrás eu disse, meio brincando, meio sério, que a única possibilidade de eu voltar à politica era se o Sartori aceitasse ser candidato a prefeito. No momento que ele não for candidato, zera o processo. E ele nunca disse que seria candidato. Vamos ter que ver os movimentos dos partidos, quem vai procurar quem. O PDT tem uma reunião no dia 20, e certamente o diretório vai dar a diretriz.
Questionado se estaria à disposição do partido, Alceu dispersou com a velha máxima:
– Agora, como ele (Sartori) não será (candidato), zerou. Se não preciso dizer que não, também não preciso que dizer que sim. Vamos ver o que o partido vai fazer.