Em importante movimento no cenário político caxiense, o secretário de Turismo de Caxias do Sul, Ricardo Daneluz, assinou ficha de filiação ao Progressistas (PP) no ato de posse da nova Mesa Diretora da Assembleia para 2024, em Porto Alegre. A filiação de Daneluz ao PP já vinha sendo ventilada, e confirmou-se agora. O ato de filiação foi prestigiado por lideranças estaduais do partido: estavam presentes, entre outros, o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS), o deputado estadual da região, Guilherme Pasin, o novo presidente da Assembleia, Adolfo Brito, e o presidente do PP caxiense, vereador Alexandre Bortoluz.
— É um partido com o qual me identifico, tem forte atuação na defesa do agronegócio, tradicionalismo gaúcho, fortalecimento dos municípios — disse Daneluz, justificando a escolha.
Bortoluz, diz que a filiação de Ricardo Daneluz estava prevista. Ele foi expulso do PDT há exatamente um ano, resultado de um processo na Comissão de Ética do partido, instaurado em 2021, por ter declarado apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
— Estamos em conversação desde 2020 — diz Bortoluz.
Prevista ou não a filiação, o ingresso de Daneluz no PP coloca um ingrediente político no cenário. Daneluz ocupa cargo em primeiro escalão no Governo Adiló, o que reforça a presença do governo dentro do partido. A sigla já tem o diretor-executivo do Banco de Alimentos , Marcelo Vanzin, que é vice da executiva do PP.
— Não tem nada a ver com o governo. Na verdade, as pessoas não são, elas estão (no governo) — diz Bortoluz.
A coluna, então, perguntou a Daneluz se, agora no Progressistas, ele vai defender internamente o apoio do partido à reeleição do prefeito Adiló Didomenico (PSDB), governo do qual faz parte. Daneluz desviou da questão:
— Tenho conversado com algumas pessoas do partido e acredito que a pauta das eleições irá começar a ser discutida internamente.
Na verdade, já está sendo discutida intensamente. A coluna insistiu que Daneluz certamente terá uma posição. Ele voltou a não responder:
— Evidentemente (vai defender posição). Não sou da executiva e nem do diretório, mas é claro que vou participar desse processo.
Governo ganha reforço
A dedução é por conta da coluna, mas tem lógica política elementar. Se Ricardo Daneluz integra o Governo Adiló, está claro que ele defenderá o apoio ao governo dentro do Progressistas. A posição bate de frente com a defendida pelo presidente Bortoluz, de o PP participar de uma aliança de direita em torno do nome já colocado, do vereador Maurício Scalco (PL) à prefeitura, devendo a vereadora Gladis Frizzo (ainda no MDB) se transferir ao PP para ficar com a vaga de vice na mesma chapa.
Bortoluz diz que a filiação de Daneluz ao PP "não tem nada a ver com governo". Mas não há como escapar desse efeito: o governo ganha reforço dentro do partido.
"Poderei concorrer, sim"
Daneluz não confirma se concorrerá a algum cargo na eleição de outubro:
— Tenho conversado com o partido há bastante tempo. Quanto a concorrer, ainda não tenho essa definição.
A coluna ponderou que quem se filia a um partido é para estar apto, preparado para concorrer. Daneluz admitiu, então, que pode concorrer em outubro.
— Não necessariamente (quem se filia é para estar apto a concorrer). Mas poderei concorrer, sim.
Tendência de voltar à Câmara
Outra aposta dos bastidores da política é que Daneluz retorna à Câmara em abril. O próprio secretário da Habitação, Wagner Petrini (PSB), disse à coluna semanas atrás que ele, Daneluz e o secretário de Gestão e Finanças, Cristiano Becker da Silva, estarão "defendendo nosso prefeito na Câmara de Vereadores a partir de abril".
— Não tenho essa definição ainda — desconversa Daneluz.
Essa definição sobre o retorno à Câmara revelará as intenções de Daneluz concorrer — ou não. Filiar-se indica estar apto a concorrer, alternativa que Daneluz admite. Para isso, ele tem de deixar o primeiro escalão até o início de abril. A tendência é de voltar à Câmara.