Foi polêmica como prometia a votação em regime de urgência da “moção de apoio ao Estado de Israel em face dos ataques criminosos cometidos”, citando especificamente o “grupo terrorista palestino Hamas”. Tomou a maior parte do tempo da sessão da Câmara desta terça. Ao final, a moção foi aprovada por 11 votos contra sete, com quatro vereadores ausentes – Felipe Gremelmaier (MDB) estava em representação da Câmara. O texto da moção destaca ser contra o terrorismo do Hamas e demonstra solidariedade ao povo israelense, sem mencionar a população civil palestina. Foram oito vereadores que assinaram o texto e definiram a moção como sendo contra o terrorismo, como mencionou o vereador Maurício Scalco (ainda no Novo):
– A nota não é seletiva, a nota é específica contra o terrorismo, contra o Hamas – disse ele.
– A moção é contra o terrorismo palestino – respondeu a vereadora Rose Frigeri (PT), que pediu a elaboração de uma nota “mais ampla”.
– Acho que é um rascunho (o texto da moção) que foi colocado na Câmara de Vereadores para discutir – definiu o vereador Rafael Bueno (PDT), que disse que se absteria de votar, mas votou contra. – Quando uma moção segrega um lado, eu sou contra – acrescentou.
Bueno chegou a propor a retirada da moção pelos proponentes para a redação de um texto em conjunto com todos os vereadores, mas não levou. Os autores não concordaram, e o texto seguiu para votação.
Na verdade, a moção abordou um tema complexo, que exige ampla contextualização, de forma esquemática e simplificada, tornando-se inevitável uma associação ideológica. O vereador Olmir Cadore (PSDB) chegou a identificar o Hamas com a esquerda, o que é uma clara distorção:
– Aqui se estabeleceu uma discussão ideológica. Me parece que o Hamas é a esquerda.
Os sete vereadores que votaram contra deixaram claro que são contra atos de terrorismo contra a população civil.
“O pessoal foi lá levar?”
Ao final, ao notar a sessão esvaziada, o vereador Rafael Bueno questionou em tom irônico o valor da moção aprovada. A moção, afinal, é uma prerrogativa do Legislativo, mas também está dentro da atividade legislativa discordar dela:
– Eu queria saber do senhor (presidente Zé Dambrós) se a moção que foi aprovada aqui já chegou lá em Israel e acabaram com a guerra? O senhor tem notícia se o pessoal foi lá levar a moção? Eu achei que, nesse meio tempo que esvaziaram as cadeiras, que estavam ajudando o Itamaray a redigir uma carta – disse.
Lista dos contrários em rede social
Pela tarde, o vereador Alexandre Bortoluz (PP), que encabeça a lista de oito assinaturas da moção, publicou em rede social a lista com fotos dos sete vereadores que votaram contra. “A maioria deste Poder Legislativo reafirma seu compromisso com a paz e os direitos humanos, manifesta integral apoio ao Estado de Israel e integral repúdio a todos que apoiam, direta ou indiretamente, o grupo terrorista Hamas e suas ações criminosas em desfavor do povo israelense e judeu”, escreveu.
Contra ser parcial, mas a favor do texto
O vereador Lucas Diel (PDT) abriu voto favorável à moção “em apoio ao Estado de Israel”, mas, ao declarar seu voto, argumentou:
– Não podemos ser parciais. Temos de defender a vida tanto de israelenses como de palestinos.
Foi lembrado pela vereadora Rose Frigeri (PT) que o texto não menciona a população civil palestina:
– Se não podemos ser parciais, não podemos ser favoráveis a essa nota – disse Rose.