Uma parte dos manifestantes que participaram e participam de atos de protesto contra o resultado as urnas, pedindo intervenção militar, e as instituições do país estão em mundos paralelos. Parte dos manifestantes segue chamando atos que eles esperam sejam grandiosos para os próximos dias e tem os que falam até em “parar o país” para reverter o resultado da eleição. No entanto, em Brasília, a institucionalidade caminha para a normalidade política. O próprio presidente Jair Bolsonaro, em seu primeiro pronunciamento pós-eleições, reconheceu o resultado das urnas. Já designou representante do governo para o grupo de transição. Já admitiu o resultado das urnas em conversa com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). E até já se encontrou com o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB). Sentiu o revés eleitoral, mas vida que segue.
Além disso, a palavra de ordem da “intervenção militar”, ou “intervenção federal” remetida ou solicitada às Forças Armadas, não tem sustentação. Não cai do céu. E não se estabelece como se o restante do país assistisse de forma contemplativa aos movimentos por uma ruptura democrática. Há defensores da democracia e do resultado das urnas do outro lado, que reagirão em caso de investidas fora das “quatro linhas” da Constituição. E já estão reagindo. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF) reagiram fortemente aos atos que trancaram rodovias. O próprio presidente Bolsonaro não pode patrocinar ou liderar iniciativas que avancem contra o resultado das urnas, como uma intervenção militar. Afinal, sempre disse que só joga dentro das “quatro linhas” da Constituição. Aliás, foi ele quem cunhou e popularizou essa expressão. E uma intervenção, não tem meio termo: é jogo jogado fora das “quatro linhas”. Há aqui um desalinho entre parte dos manifestantes e a liderança que seguem.
Não há chance de êxito para qualquer aventura que tente reverter o resultado das urnas. Muitos manifestantes ficarão desapontados, inclusive com o presidente Bolsonaro.