“O homem não existe simplesmente, ele sempre decide qual será sua existência, o que se tornará no momento seguinte. Assim sendo, todo ser humano tem a liberdade de mudar a qualquer instante.” — Viktor Frankl
Entre as figuras humanas que mais me intrigam estão os recalcados e os invejosos. Quando o recalque e a inveja se unem a traços inequívocos de falta de ética e de caráter, são como elementos químicos praticamente inofensivos quando separados, mas letais quando misturados. Sentimentos negativos potencializam tendências desonestas e desonrosas. O recalcado e o invejoso sofrem, muito, por isso acabam cedendo facilmente à tentação de causar o mal tanto em benefício próprio, mas, principalmente, para destruir o alvo de sua inveja, o gatilho de seu recalque.
O recalque na concepção das ciências do comportamento humano refere-se à inibição ou repressão de desejos, impulsos ou emoções, muitas vezes devido a frustrações ou inadequações pessoais. Já a inveja é um sentimento de ressentimento em relação às qualidades, posses, conquistas e realizações de outra pessoa, tudo isso acompanhado não só do desejo de possuir as mesmas coisas, mas também de testemunhar o fracasso da pessoa invejada.
De qualquer maneira, tanto o recalcado quanto o invejoso nutrem ressentimento e tristeza por não ter alcançado o mesmo nível de sucesso que outras pessoas às quais têm acesso, seja na convivência em seu círculo pessoal ou profissional, seja na audiência por meio do território mais amplo das redes sociais e da mídia.
Muitos vivem um histórico de não aceitar sua própria realidade, suas próprias circunstâncias e sua própria incompetência e falta de preparo para superar obstáculos e desafios. Esse tipo de pessoa ressentida vê o sucesso dos outros como algo que aconteceu por mágica, jamais por esforço e mérito. Prefere comprar uma narrativa embalada por certas ideologias e achar que a culpa é sempre do outro, da sociedade, do sistema, de alguma organização secreta que domina o mundo, mas seu fracasso e sua frustação jamais são culpa dele próprio.
Um exemplo de invejoso e recalcado com traços de mau-caratismo é o atual governante da Venezuela, Nicolás Maduro. Depois de deixar seu país em escombros, cobiça o gramado mais verde da vizinha Guiana — que vem obtendo resultados expressivos na economia graças à descoberta e à exploração de poços de petróleo. Na verdade, Maduro também está sentado sob riquíssimas fontes de petróleo e gás, mas é um incompetente para extrair, produzir e distribuir por meio da empresa estatal sucateada. Em vez de tentar melhorar no lado de dentro, ensaia uma guerra estúpida para invadir e tomar o território vizinho, por puro recalque, inveja e total falta de moral e ética.