No final do ano, é normal analisar tudo o que aconteceu nos últimos 12 meses: que expectativas foram frustradas, que objetivos foram alcançados, o que se conquistou, o que se perdeu. Acredito que esse tipo de reflexão seja fundamental para o nosso crescimento pessoal e para o benefício de todos que nos cercam, sejam familiares, amigos, colegas de trabalho, clientes.
Outro dia, numa conversa com meus alunos, falávamos da importância de fazer escolhas tendo antes uma clara consciência das nossas circunstâncias. Por exemplo, não adianta ficar se queixando do seu emprego atual se, no momento, é justamente este emprego aparentemente chato que provê os recursos para pagar seu aluguel, sua faculdade, seus boletos. Ninguém é obrigado a amar seu trabalho o tempo todo, é possível sim um dia mudar de carreira, mas só poderá dar esse salto quando as circunstâncias assim permitirem fazer tal escolha e depois de muito planejamento.
Observo que muitos jovens, por exemplo, sonham em fazer um intercâmbio ou passar uma temporada no exterior, mas vejo pouquíssimos deles realmente economizando para isso ou fazendo escolhas melhores: em vez de saírem todo final de semana para a balada com amigos, poderiam sair apenas numa única sexta por mês e guardar dinheiro para realizar este sonho, mesmo que demore. Caso ache que esteja demorando demais, também há opção de arrumar um segundo emprego, ou de fazer algum bico ou aquele esforço a mais para conquistar o que realmente importa. Conversei há poucos dias com um garoto de 19 anos que me contou o seguinte: para ser promovido no trabalho, passou a usar a hora do almoço para aprender a operar uma ferramenta na empresa onde trabalha. É um sacrifício temporário, mas, segundo ele, diante das circunstâncias, ele fez essa escolha consciente de que ali adiante lhe trará benefícios. E eu não duvido disso.
O que estou tentando dizer aqui é que sempre há escolhas, acertadas ou equivocadas, e que todas elas — presentes ou futuras — invariavelmente estarão correlacionadas às suas circunstâncias, as quais, aceitem ou não, são resultado justamente de todas as decisões que foram tomadas até agora. Sendo maior de 18 anos — e tendo saúde, o que muitas vezes esquecemos de considerar como presente divino aliado ao nosso autocuidado —, é difícil argumentar que todas as suas agruras ou todos os seus sucessos foram apenas culpa “dos outros”, “do capitalismo”, “do governo”. Fico pasma que se passou a ignorar o poder absurdo de uma mentalidade individual forte e de pequenos esforços contínuos em prol de si mesmo. Ao menor sinal de fracasso ou de frustração, existem pessoas que parecem ficar cegas quanto ao seu potencial de reagir diante de um revés.
Sei que é um grande clichê motivacional, mas sua situação atual nunca será o seu destino final se passar a fazer escolhas melhores após refletir sobre suas circunstâncias com serenidade e aquela dose sempre necessária de esperança.