A sequência de fatos violentos e mortes nos arredores de festas e casas noturnas de Caxias do Sul nos últimos meses provocou uma necessária movimentação na segurança pública da cidade. Uma reunião tratou do assunto durante a semana, e uma reação deve ser notada pela comunidade em breve.
Uma das primeiras (e corretas) providências foi fazer a convocação de diversos órgãos. É óbvio que o maior ônus do policiamento preventivo cabe à Brigada Militar, mas Guarda Municipal, Fiscalização de Trânsito, PRF e outros cumprem um papel importante, e devem estar envolvidos em ações preventivas. Além disso, órgãos administrativos, como a Secretaria de Urbanismo, podem alcançar questões legais que ajudam a combater aglomerações e irregularidades.
A grande novidade que resultou das conversas foi o chamamento feito pelo comandante do 12º BPM, tenente-coronel Ricardo Moreira de Vargas, para a participação de instituições como o Conselho Tutelar e o Judiciário. Durante entrevista dada à Gaúcha Serra na sexta-feira, e repercutida neste sábado aqui em GZH e no Pioneiro, ele revela essa intenção. É uma providência saudável, uma vez que é notória a presença de adolescentes em alguns locais conflagrados, e uma ação preventiva precisa ir além da repressão, atuando também com o objetivo da prevenção, onde essas outras instituições podem cumprir um papel fundamental.
Caxias do Sul, pelo porte, tem um histórico de problemas cíclicos com a insegurança noturna. O que vimos nestes últimos meses já aconteceu em outros momentos, e aí entra um outro ponto deste debate, que é uma atuação mais permanente. Vejamos o exemplo da Estação Férrea, onde os problemas se repetem há mais de 10 anos. Quando a situação piora muito, operações são feitas no local, e as coisas se acalmam. Essa tranquilidade faz com que os órgãos de segurança diminuam as atividades, e meses depois a bagunça retorna com força. O tenente-coronel Vargas parece ter boa vontade e disposição para fazer um trabalho mais constante, mas ele alerta que há limitações para a BM.
— Por dois meses permanecemos direto na Estação Férrea, todas as noites de festas ali. Mas nós temos também outras responsabilidades dentro da cidade para cumprir. E muitas vezes, em questão de restrição de recursos, nós também temos que trabalhar com priorizações. E nós temos uma cidade muito grande, trabalhamos muito forte na redução dos crimes violentos letais e intencionais, dos homicídios. Então, muitas vezes, as nossas guarnições não podem ficar no local ou se deslocar naquele momento que o cidadão precisa por conta de uma perturbação do sossego alheio, que é uma das principais ocorrências que o 190 recebe — relatou o comandante.
Este cobertor curto é um alerta para que as lideranças da cidade continuem reivindicando mais recursos e efetivos para a segurança pública. Além disso, reforça a necessidade de participação de mais órgãos nessas operações especiais, dividindo a responsabilidade com a Brigada e permitindo que as ações sejam mais frequentes e constantes.