Uma média de 40 pessoas morrem por hora de Acidente Vascular Cerebral (AVC) no Brasil. Todos os dias, são 978 novos casos, segundo a Sociedade Brasileira de AVC. Dados de 2022 do portal de Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais, colocou a doença como a primeira causa de morte no país.
Segundo a fisioterapeuta e diretora do Instituto Umani de Passo Fundo, Nedi Magagnin, ter um AVC não é sinônimo de "doença de idosos", como se crê no senso comum.
— Conosco, 70% dos pacientes atendidos têm entre 20 e 40 anos. Então, de fato, é algo que pode acontecem em qualquer idade. Mas existe tratamento e a família é essencial no processo de reabilitação — disse.
Um exemplo jovem do caso é de Vagner Sabadin dos Santos, 36 anos. Em 1º de agosto, ele viajou de Sarandi para São José das Missões para realizar uma entrega da cooperativa do qual trabalhava. O dia parecia normal, quando os primeiros sintomas do AVC começaram a aparecer.
Por volta de meio-dia, a fala foi interrompida e Vagner não conseguiu realizar os movimentos do lado direito, quando ia entregar uma nota fiscal dos produtos aos clientes. Seu corpo chegou a pender para o lado direito, quando os produtores o auxiliaram e acionaram o pronto-socorro.
Ele passou pelas emergências das cidades de Palmeira das Missões e Sarandi, até dar entrada no Hospital São Vicente de Paulo, em Passo Fundo, por volta às 23h50min. Uma cirurgia foi realizada por volta de 9h30min do dia dois de agosto.
— Em Passo Fundo, nos falaram que ele precisaria passar por cirurgia por conta de um inchaço no cérebro. Depois, precisou ficar 21 dias internado. Voltou para casa de cadeira de rodas, não falava quase nada, basicamente só reconhecia as pessoas — relata a irmã, Dalvana dos Santos Schneider, 34 anos.
Em tratamento em Passo Fundo desde agosto, Vagner tenta recuperar a fala e os movimentos do lado direito. Conforme avaliação da irmã, o poder de compreensão já melhorou e ele já está caminhando. Agora, o sonho do irmão é poder voltar a estudar.
— Antes do AVC ele cursava agronomia e jogava bola todos os dias. Esses são os objetivos dele, de retomar a vida aos poucos. Como família, já derramamos algumas lágrimas nesse percurso, mas nunca deixamos de acreditar e depositar confiança nele e no tratamento.
Socorro precisa ser imediato
O AVC pode acontecer de duas maneiras: isquêmico ou hemorrágico. No isquêmico, ocorre o entupimento das artérias e, no hemorrágico, elas estouram e derramam. O que vai apontar a gravidade será o local ou a extensão da lesão.
Há sinais para identificar que uma pessoa está tendo AVC. Para isso, basta olhar para o corpo: o afetado começa a apresentar mudanças bruscas na boca, os movimentos de braços e a dificuldade de fala ou delírio.
— Você pode pedir para a pessoa sorrir ou levantar os braços, se ela ficar com a boca torta ou levantar apenas um dos braços, pode ser um sinal de alerta. A fala também pode ser afetada, com dificuldade ou delírios — explicou Nedi.
Quanto antes identificar o AVC e mais rápido for o tempo para atendimento, menores serão os danos neurológicos e o tempo em reabilitação. Segundo Nedi, "tempo é cérebro" —ou seja, maior será a gravidade das sequelas cognitivas e motoras em caso de demora no atendimento.
Alguns fatores como pressão alta, obesidade, diabetes, colesterol elevado, tabagismo e sedentarismo podem colocar o paciente em risco de ter um AVC. Por isso, é recomendado ter os exames em dia, e manter um equilíbrio entre alimentação, saúde mental e atividade física.