O município de Não-Me-Toque, no norte do RS, enfrenta um dos anos mais difíceis em relação ao combate à dengue. Desde janeiro, o número de casos, 62, é 158% maior do que todo ano de 2022, quando foram registradas 24 ocorrências.
Os casos ocorrem principalmente no bairro Martini, próximo ao centro da cidade. Ainda sem entender a razão de as ocorrências estarem concentradas naquele local, o Executivo municipal trabalha para frear o avanço da doença. A tarefa não é fácil.
Visando ter dados em tempo real de como a dengue evolui na cidade, Não-Me-Toque adquiriu testes rápidos. Os pacientes com sintomas da doença são encaminhados pelo sistema de saúde até a Vigilância Epidemiológica, na Secretaria de Saúde do município. Lá, de forma gratuita, a pessoa passa pelo teste que fornece o resultado em 10 minutos.
A diretora de escola, Daniela Thums, teve sintomas como dor no corpo, calafrios e febre. Por isso, realizou o teste. Felizmente, o caso dela não era de dengue, mas, ainda sim, a equipe de saúde lhe entregou um kit com repelente, remédio e produto para hidratação.
Combate ao mosquito
A secretária de Saúde, Liliane Kraemer Erpen, aponta que relatórios são enviados ao governo do Estado para conseguir uma máquina de aplicação de fumacê. Enquanto esta opção não está disponível, outras técnicas são usadas para controle da doença transmitida pelo Aedes Aegypti.
— Mas estamos então intensificando todas as nossas ações, a cada caso positivo fazemos a pulverização no raio de 150 metros da casa do paciente, no domicílio e no trabalho. Estamos recebendo denúncias, fazendo um trabalho mais intenso então para que as pessoas não fiquem mais doentes — Liliane.
Equipes da Vigilância Epidemiológica vão até os bairros da cidade para realizar vistorias e conversar com moradores. Porém no bairro Martini, local de maior incidência, estas visitas são diárias, uma vez que criadouros são encontrados constantemente.
— Estamos realizando ações de visitas nas casas, pra eliminar todos os possíveis criadouros que têm, sendo eles piscinas, caixas d'água, o que for que tiver a coleta de água. Estamos passando um adultícida nos casos positivos que têm no bairro, que são quase todos, porque o bairro tá contaminado. Diz Mara Rietjens, agente de endemias de Não-Me-Toque.
Moradores fazem sua parte
Os moradores do bairro Martini não ficaram parados diante da situação. Caixas d'água, piscinas, baldes e outros locais capazes de armazenar água são cuidados. O agricultor Rudi Schneider tem sua horta nos fundos da casa, mas cuida para não favorecer o mosquito.
Constantemente ele limpa o quintal da casa e troca um pote de água que deixa para os animais de rua. Segundo Rudi, "todo mundo tem que fazer a sua parte, se todo mundo faz sua parte, fica bom para todos, não só para o bairro Martini, mas para toda cidade. O cuidado é todo dia, não é uma vez por semana, é diariamente".
Situação do Estado
Conforme o painel da dengue, até esta quinta-feira (16), foram confirmados 1.002 casos da doença no RS neste ano, desses 873 são autóctones - quando o contágio ocorre dentro do Estado. Encantado, no Vale do Taquari, é o município com mais casos: 417, o que representa 41,61% do total de casos no ano no RS (1.002). Ijuí com 75 e Ibirubá com 63 são os outros dois municípios com mais confirmações até o momento.