Por Nadja Hartmann, jornalista
Lideranças de Carazinho aproveitaram a presença do presidente da Assembleia, deputado Vilmar Zanchin (MDB), em Carazinho, na segunda-feira (18), para entregar um manifesto contra a construção do Presídio de Passo Fundo na BR-285.
O texto, assinado pelo Executivo municipal, Câmara de Vereadores, Hospital de Caridade de Carazinho (HCC) e todas as entidades de classe do município, elenca os motivos da comunidade ser contrária à obra, como o risco de contaminação hídrica, o perigo de fuga, as demandas sociais que ficarão à cargo do município, entre outras considerações.
Durante a reunião com o deputado, o prefeito de Carazinho, Milton Schmitz (MDB), destacou também o fato da BR-285 fazer parte da Rota do Mercosul, local que, segundo ele, deveria abrigar empreendimentos e não casas prisionais.
Também disse que, diante do valor agregado que Carazinho hoje representa no ICMS, a obra é um “desrespeito do Estado com o município”. O deputado, por sua vez, não se manifestou sobre o assunto...
Corrida contra o tempo
O mesmo manifesto está sendo entregue a vários parlamentares e lideranças estaduais. Na manhã desta terça-feira (19), o vice-presidente da Associação Comercial e Industrial de Carazinho (Acic), Cassiano Vailatti, o presidente do HCC, Jocélio Cunha e o prefeito Milton Schmitz estiveram reunidos com o presidente da Cotrijal, Nei César Manica, para tratar do assunto.
Na quinta (21), lideranças de Carazinho estarão reunidas em Passo Fundo com o empresário Erasmo Battistella, da B8. Além da busca de uma solução pela esfera política e jurídica, em especial, na área ambiental, a ideia é construir uma alternativa econômica e apresentar ao Governo do Estado.
Porém, as lideranças de Carazinho correm contra o tempo, uma vez que o cronograma para a licitação do projeto está andando normalmente...
Cruzada pela educação
Durante a sua fala na ACIC, o deputado Zanchin adiantou aos empresários um projeto da Mesa Diretora da Assembleia que começará a ser discutido nas próximas semanas. A proposta permite o investimento privado na estruturação de escolas técnicas profissionalizantes com compensação no ICMS — ou seja, uma espécie de Lei Rouanet ou Aldir Blanc estadual, só que voltada para a educação.
O projeto faz parte das metas estabelecidas no Marco Legal da Educação Gaúcha, que será lançado em 18 de outubro e encerra o que o deputado chama de “Cruzada pela Educação”, que incluiu oito encontros regionais onde deputados debateram soluções para o setor com lideranças e especialistas da área.
Projeto 2026
Aliás, no seu segundo mandato na Assembleia, o deputado de Marau, conhecido pelas bandeiras ligadas ao municipalismo e o agronegócio, garantiu um “upgrade” na sua trajetória política ao eleger a educação como marca da sua gestão na presidência do parlamento gaúcho.
Zanchin percorreu todas as regiões e fortaleceu a sua candidatura para deputado federal em 2026 em uma possível dobradinha com o atual prefeito de Marau, Iura Kurtz (MDB), que pode concorrer à Assembleia.
Pressão
Faltando uma semana para o projeto da reforma administrativa entrar na pauta de votação da Câmara, o CMP-Sindicato, que representa os professores municipais, continua lutando para que pelo menos três artigos sejam retirados do texto original, em especial, aqueles que se referem à redução do percentual dos triênios.
De acordo com o dirigente do Sindicato, Tiago Machado, a mensagem retificativa enviada pelo Executivo não contemplou os professores e, pelo contrário, transformou “o que já era ruim em algo muito pior”.
O estado de greve decidido em assembleia na segunda-feira (18) na prática não muda nada, mas eleva o tom da mobilização. O sindicato deve reforçar o corpo-a-corpo com os vereadores nos próximos dias e também tenta uma nova reunião com o Executivo.
Impacto
Porém, ao que parece, dificilmente haverá um recuo do Executivo, já que excluir 3 mil professores da nova regra dos triênios significaria um impacto muito grande na reforma, comprometendo, inclusive, a realização do concurso, considerado fundamental para a saúde financeira do município.
Nesse caso, resta a pressão política do sindicato junto aos vereadores da base. Alguns já demonstraram insatisfação pelo fato do prefeito Pedro Almeida ter enviado o projeto faltando um ano para as eleições e não se descarta que alguém tenha que ser substituído de última hora para garantir os votos necessários para a aprovação.
O desgaste político é inevitável. Se triênios de 3 mil professores representam um impacto na reforma, imaginem nas urnas...
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